counter As ‘saias-justas’ durante visita de príncipe saudita à Casa Branca – Forsething

As ‘saias-justas’ durante visita de príncipe saudita à Casa Branca

O encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, nesta terça-feira, 18, foi marcado por saias-justas. O saudita foi recebido com pompa na Casa Branca, com direito a bandas marciais, cavaleiros com bandeiras e uma demonstração aérea militar, em sinal de hospitalidade. No Salão Oval, o clima de amizade foi evidenciado pela defesa efusiva de bin Salman por Trump em um assunto delicado: o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em 2018.

“Você está mencionando alguém que foi extremamente controverso. Muitas pessoas não gostavam desse senhor de quem você está falando. Gostando dele ou não, as coisas acontecem”, disse Trump no Salão Oval. “Ele (MBS) não sabia de nada, e podemos deixar por isso mesmo.”

“Você não precisa constranger nosso convidado fazendo uma pergunta dessas”, afirmou ele à repórter Mary Bruce, correspondente veterana da emissora americana ABC News na Casa Branca, responsável pela pergunta.

A declaração de Trump contraria um relatório da CIA, a agência de inteligência estrangeira dos EUA, divulgado em 2023. O documento apontou que “o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Muhammad bin Salman, aprovou uma operação em Istambul, na Turquia, para capturar ou matar o jornalista saudita Jamal Khashoggi”.

O príncipe saudita assistiu à discussão impassível no Salão Oval. Em seguida, definiu a morte de Khashoggi como “um erro enorme”, acrescentando: “Sobre o jornalista, é realmente doloroso ouvir falar de alguém que perdeu a vida sem um propósito real ou de forma ilegal, e isso tem sido doloroso para nós na Arábia Saudita”. Ele, contudo, afirmou que as autoridades sauditas tomaram “todas as medidas corretas de investigação” e que o reino está “fazendo o possível para que isso não aconteça novamente”.

Khashoggi era colunista do jornal americano The Washington Post e era conhecido pelas duras críticas ao governo da Arábia Saudita. No primeiro mandato, o líder americano ignorou o possível envolvimento do príncipe no assassinato de Khashoggi, embora tenha dito que estava “extremamente irritado e muito infeliz” com o crime.

Continua após a publicidade

+ ‘Coisas acontecem’: Trump defende príncipe saudita após pergunta sobre morte de Khashoggi

Questão da Palestina

Trump é um entusiasta da possível adesão da Arábia Saudita aos Acordos de Abraão, que normalizaram as relações dos Emirados Árabes Unidos e Barém com Israel em 2020. O príncipe saudita, contudo, salientou que o sinal verde para a retomada dos laços com Tel Aviv depende da implementação da solução de dois Estados, que prevê a criação do Estado da Palestina em coexistência pacífica com Israel.

“Acreditamos que ter um bom relacionamento com todos os países do Oriente Médio é algo positivo, e queremos fazer parte dos Acordos de Abraão”, afirmou bin Salman a repórteres. 

Continua após a publicidade

“Mas também queremos ter certeza de que garantimos um caminho claro para uma solução de dois Estados. E hoje tivemos uma conversa produtiva com o Presidente sobre a necessidade de trabalharmos nisso, para garantirmos que possamos criar as condições adequadas o mais rápido possível para que isso aconteça”, acrescentou. 

Continua após a publicidade

Trump, por sua vez, ateve-se a dizer que teve “boas conversas” com o príncipe sobre a questão, acrescentando: “Conversamos sobre um estado, dois estados. Conversamos sobre muitas coisas. Em breve, discutiremos isso mais a fundo.”

+ Príncipe da Arábia Saudita, MBS vai de pária a convidado de honra com visita aos EUA

Bombardeios ao Irã

O líder americano também voltou a elogiar os bombardeios americanos às instalações nucleares do Irã. Ele indicou que os EUA atacaram os locais “em nome de todos” e destacou que “o resultado foi extraordinário porque temos os melhores pilotos, os melhores equipamentos, os melhores aviões, o melhor em tudo”. Além dos EUA, Israel também conduziu uma ofensiva aérea contra o território iraniano por 12 dias — operação condenada por MBS, que frisou que Riad não seria usada “para agredir nossos vizinhos”. 

Trump, mais tarde, amenizou o tom e abriu espaço para o diálogo com o Irã e disse: “Estou totalmente aberto a isso e estamos conversando com eles. E iniciamos um processo. Mas seria ótimo ter um acordo com o Irã. Poderíamos ter feito isso antes da guerra, mas não deu certo. E acho que algo vai acontecer nesse sentido”. A ideia foi apoiada pelo príncipe.

Continua após a publicidade

“Faremos o possível para ajudar a chegar a um acordo entre os Estados Unidos da América e o Irã”, sinalizou MBS. “E acreditamos que é bom para o futuro do Irã ter um bom acordo que satisfaça a região, o mundo e os Estados Unidos da América.”

+ Por maioria quase unânime, Câmara dos EUA aprova divulgação dos arquivos do caso Epstein

Caso Epstein

O republicano também teve de lidar com um espinhoso assunto: seu possível envolvimento no caso Jeffrey Epstein, bilionário acusado de tráfico sexual de adolescentes que cometeu suicídio na prisão em 2019. Quando a mesma jornalista que perguntou sobre Khashoggi o questionou sobre por que ele não divulgaria voluntariamente arquivos relacionados a Epstein, Trump entrou na defensiva e afirmou que a licença de transmissão da ABC News deveria ser revogada.

“Você é uma pessoa terrível e um repórter terrível”, bradou em direção à repórter.

Continua após a publicidade

Ainda na terça, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou, por maioria quase unânime, o projeto de lei que prevê a liberação de todos os arquivos relacionados ao financista. O placar final foi de 427 a 1, com cinco membros ausentes. O deputado republicano Clay Higgins, da Louisiana, foi o único a votar contra.

Publicidade

About admin