O ano de 2025 foi marcado por excelentes produções televisivas, como a minissérie Adolescência, da Netflix, o eletrizante drama médico The Pitt e a enigmática Pluribus, que estreou em novembro e rapidamente se provou excepcional. Em proporção a cada um destes sucessos condecorados, no entanto, surgiu outro vexame incorrigível. Seja por excessos desregrados, nostalgia sem estofo, premissas equivocadas ou outras ofensas à criatividade, estas são as nove séries que mais decepcionaram nos últimos 12 meses — e a novela execrável que não poderia ficar de fora:
Tudo é Justo
Nenhuma série de 2025 foi tão rechaçada quanto a nova produção de Ryan Murphy, caracterizada pela péssima decisão de dar à engessada Kim Kardashian o protagonismo de um drama sobre advogadas irascíveis. Por outro lado, a produção fez dos limões limonada: apostou no apelo do “hate watching” e foi o maior sucesso de audiência do streaming Hulu em três anos. Dentro da indústria saturada do streaming, vale tudo — até apostar no ridículo para se destacar.
And Just Like That…
Após três temporadas torturantes, a continuação de Sex and The City chegou ao fim e libertou milhares de espectadores que ainda eram presos a ela por nostalgia. A temporada final não foi tão ruim quanto a primeira, mas penou para restaurar o trio protagonista após múltiplas decisões que as descaracterizaram. O romance entre Carrie (Sarah Jessica Parker) e Aidan (John Corbett) foi especialmente cansativo e Miranda (Cynthia Nixon), sem a companhia de Che Diaz (Sarah Ramirez), teve pouco destaque. Por fim, a conclusão anticlimática careceu da cerimônia digna de uma saga que pauta a cultura pop há quase 30 anos.
Com Amor, Meghan
Em mais uma tentativa de afastar sua figura pública da relação tensa com a família real, a Duquesa de Sussex tentou emplacar um programa de culinária e bem-estar no qual recebe conhecidos famosos para trocar dicas de dona de casa. O tiro saiu pela culatra, no entanto, e se tornou palco para a artificialidade da apresentadora, que provocou vergonha alheia no público com suas demonstrações despudoradas de privilégio e falta de tato.
Yellowjackets
Antes uma das mais promissoras séries em curso, o thriller de sobrevivência Yellowjackets passou por uma segunda temporada inconsistente antes de atingir o fundo do poço em sua terceira leva. Entre mortes inconsequentes e tramas vagarosas, a produção se mostrou estagnada e desperdiçou o imenso talento de seu elenco, dentro do qual estrelas como Melanie Lynskey, Christina Ricci e a impressionante Sophie Nélisse ainda dão o seu melhor.
Monstro: A História de Ed Gein
Após o fenômeno em torno dos irmãos Menendez, a série de Ryan Murphy mudou de direção e recorreu a um dos mais infames assassinos da história: Ed Gein, fonte de inspiração para filmes de terror como O Massacre da Serra Elétrica (1974) e O Silêncio dos Inocentes (1991). A ideia era comentar sobre o sensacionalismo em torno do criminoso, mas a obra acabou mais sensacionalista ainda, agravada pela atuação caricatural de Charlie Hunnam.
Uma Família Perfeita
Após deixar o elenco de Grey’s Anatomy, Ellen Pompeo encarava o desafio de provar que sustentaria outra produção televisiva — o que ainda não aconteceu. Uma Família Perfeita dramatiza a história real de Natalia Grace, menina de 8 anos cuja mãe adotiva acreditava ser uma mulher adulta disfarçada. Entre o true crime, o drama e o humor macabro, a série e Pompeo nunca encontraram o tom exato.
Coração de Ferro
Cinco anos após a integração entre filmes e séries do universo Marvel, a fórmula já se desgastou e apenas enfraqueceu o poder da franquia. Prova disso é Coração de Ferro, que chegou ao Disney+ com pouquíssimo alarde, discrição impensável nos idos de Wandavision (2020). A série também pouco se esforçou para reconquistar o público com sua estrutura genérica, apesar do carisma da protagonista vivida por Dominique Thorne.
Pulso
Na toada de sucessos médicos novos e velhos, como Grey’s e The Pitt, a Netflix investiu em seu próprio drama do tipo, mas decidiu deixar o estresse do pronto-socorro de lado para priorizar intrigas de carreira. A trama foca em uma residente que denuncia seu ex-namorado para o RH por assédio sexual, mas nunca é contundente ou chocante o suficiente para prender a atenção.
Suits LA
Apelando para a nostalgia em torno de Suits (2011 – 2019), que é até hoje grande sucesso de audiência no streaming, a nova série realocou o drama para a ensolarada Los Angeles e colocou Stephen Ammell. A falta de laços consideráveis à original e os episódios mornos garantiram que o projeto acabasse por ali: foi cancelado antes mesmo de exibir seu último episódio.
Menção desonrosa: Vale Tudo
Ainda que não seja uma série, é impossível falar sobre o pior da televisão em 2025 sem citar Vale Tudo, um fiasco que transformou o clássico de Gilberto Braga em palco para críticas sociais inócuas, propagandas mal feitas, erros de continuidade e furos de roteiro em abundância, gritantes durante a reviravolta final — que nada teve de chocante, muito menos de plausível. Foi difícil não acompanhar o desastre em curso, mas mais difícil ainda se deleitar com ele de modo genuíno.
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