Exibida na segunda-feira 30 com audiência nas alturas, um feito como não se via na faixa das 6 desde 2020, a novela Êta Mundo Melhor! mostrou a diferença que faz na tela da Globo uma história movida por uma trama folhetinesca simples, honesta e eficaz — e na qual Walcyr Carrasco, aqui em parceria com Mauro Wilson, cumpre com louvor o que se esperava da continuação do megahit Êta Mundo Bom!, de nove anos atrás. Nos acordes iniciais da nova novela, um detalhe em especial chamou atenção: a afiada entrada em cena de Zulma, golpista barata vivida por Heloísa Perissé. A personagem é uma daquelas canalhas inacreditáveis tão típicas dos melodramas — e exibe sua completa falta de caráter de forma livre, leve e soltíssima. Um elemento que anda muito em falta nas novelas cheias de puderes dos dias de hoje — quando, pasmem, chegamos ao ponto de até Odete Roitman se curvar ao politicamente correto no remake de Vale Tudo. Afinal, quando a maior de todas as vilãs das novelas é obrigada a chamar sua filha Heleninha, viciada em birita, de “alcoolista” para não ferir supostas susceptibilidades, algo está muito esquisito no ar.
O que Zulma fez com filho de Candinho?
Com Zulma, não tem dessas — ainda bem. Mesmo dentro daquele quadrante de novela das 6, com uma atmosfera de época idílica e clima de conto de fadas, ela já chegou provando que tem zero escrúpulos. Recapitulando: após a morte trágica de Filó (Débora Nascimento) num incêndio, quando ela estava prestes a largar Candinho (Sérgio Guizé) para fugir com Enesto (Eriberto Leão), este último sequestra o filho do casal — e a criança acaba caindo nas mãos de Zulma. Enquanto Candinho procura de modo desesperado por seu filho perdido, a personagem de Heloísa Perissé não tem o mínimo pudor em usar o bebê para aplicar golpes nas ruas. Isso para não falar do modo abusivo (e delicioso) como maltrata as crianças de seu orfanato.
Quais as lições de Zulma para Odete Roitman?
No limite, quando a criança já está mais crescida, Zulma a “vende” para um casal de agricultores – ou melhor, arranca os brincos valiosos da mulher diante do olhar incrédulo do marido, para não sair no prejuízo. Tudo feito num registro bem-humorado e leve na novela das 6, mas com um dado eloquente: a vilã exibe uma imoralidade fria como condiz a uma antagonista que se preze, sem necessidade de ser amenizada ou “humanizada” para não pegar mal. Fica aí a lição para Odete Roitman: desça do salto e apavore de verdade, como antigamente, enquanto ainda temos paciência.
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