Tido como favorito na disputa pela vaga aberta com a aposentadoria precoce de Luís Roberto Barroso como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, virou o alvo preferencial do fogo amigo daqueles que também buscam um lugar ao sol nas lembranças do presidente Lula na escolha de novo juiz do STF. Barroso decidiu se aposentar quase oito anos antes do prazo limite de 75 anos, abrindo caminho para que o petista indique um novo magistrado para a corte mais importante do país.
Entre as maledicências mais comuns envolvendo Messias estão a avaliação de que ele trabalha para participar do maior número possível de agendas com o presidente a fim de ser diariamente lembrado. Há ainda aqueles que atribuem ao advogado-geral a intenção de frequentemente bater ponto no Palácio do Planalto à espera de um eventual chamado – e convite – do chefe para ocupar a cadeira de Barroso.
Também no rol de intrigas contra o AGU está a avaliação de que ministros do STF considerariam que ele supostamente não tem experiência jurídica suficiente para ocupar o posto – a pista, dizem, foi dada pelo decano do STF Gilmar Mendes, que, no aniversário da esposa em agosto passado, lançou o nome do ex-presidente do Congresso Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e disse que a Corte exige um “jogo de adultos”.
Messias já figurou na lista de candidatos à sucessão de Rosa Weber, quando o então chefe da Justiça, Flávio Dino, acabou escolhido, e tem sido um interlocutor constante do governo junto ao segmento evangélico, enquanto Pacheco participou de pelo menos dois eventos privados, um jantar em homenagem a Alexandre de Moraes e o aniversário da esposa de Mendes, quando discutiu apoios. Na quinta-feira, 16, Lula se reuniu com evangélicos no Palácio do Planalto e Jorge Messias estava presente. Ambos foram fotografados orando ao lado do bispo Samuel Ferreira, da Assembleia de Deus de Madureira, e do deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), parlamentar que mantém importantes pontes com o STF.
Entre integrantes da ala jurídica do governo existe a avaliação de que, para evitar potenciais pedidos de impeachment de ministros do Supremo, haveria a intenção dos próprios magistrados do Supremo – nunca dita expressamente – de agradar ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). É na Casa comandada pelo amapaense que tramitam pedidos de cassação dos magistrados. Alcolumbre, como se sabe, é apoiador público do nome do senador Rodrigo Pacheco para a sucessão de Barroso.