Donald Trump não esconde a tentativa de impulsionar a própria fortuna enquanto está na Presidência dos Estados Unidos. Na empreitada mais recente, ele inaugurou um campo de golfe na cidade de Balmedie, na Escócia, onde estava para uma visita de Estado de cinco dias. A cerimônia de abertura do local, que leva o nome de Trump, contou com gaitas de foles e fogos de artifício, além da música “YMCA” do Village People, usada na campanha do republicano. Tudo isso foi transmitido ao vivo no canal da Casa Branca no YouTube.
Trump aproveitou a inauguração para jogar golfe com um dos seus filhos, Eric, que ficou responsável por dirigir o projeto na Escócia. Eric e Donald Trump Jr. são vice-presidentes-executivos da Trump Organization, conglomerado que administra uma propriedades e ativos da família. O presidente chegou a ser questionado se o novo negócio configurava um conflito de interesses. Ele respondeu: “Não ouvi nada disso”, mudando de assunto rapidamente.
Além de levar o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, para conhecer o campo de golfe, Trump também recebeu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em de seus resorts, na cidade de Turnberry. Na quarta-feira, 20, foi a vez de receber o premiê da Escócia, John Swinney, que concedeu subsídios para um torneio de golfe na propriedade do presidente dos EUA. É só um capítulo de uma longa história de empurrãozinhos do governo Trump aos seus próprios negócios.
Sem esconder
Em maio, uma reportagem do jornal americano The New York Times afirmou que Donald Trump Jr. e Eric estão “capitalizando o nome e o poder do pai, cada um aparentemente tentando superar o outro”. O veículo indicou que, com os negócios, não só apenas a família será beneficiada, mas também o próprio líder americano, abrindo questionamentos sobre os limites éticos da Presidência.
Apenas em Dubai, unidades do Trump International Hotel and Towel foram vendidas por US$ 20 milhões cada, após uma festa luxuosa de lançamento na semana passada. Eric também passou pelo Catar, Emirados Árabes Unidos e outros países do Oriente Médio para promover os planos imobiliários e de criptomoedas da família, enquanto parceiros comerciais do primogênito se preparam para inaugurar um clube chamado Executive Branch na capital americana. Com um custo de US$ 500.000 por pessoa, ele abrirá as portas ainda este ano.
Trump e Steve Witkoff, seu enviado para Rússia e Oriente Médio, estão ligados à empresa de criptomoedas World Liberty Financial, que recentemente recebeu uma transação de uma companhia em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Por outro lado, a primeira-dama Melania Trump se prepara para inaugurar um documentário produzido pela Amazon — Trump se aproximou de bilionários donos das gigantes de tecnologia no segundo mandato.
Apesar de tudo, o republicano continua a minimizar as preocupações com a ética. Ainda em maio, ele aceitou de presente da família real catari um Boeing 747-8 de R$ 2,2 bilhões, apelidado de “palácio no céu”, que substituirá o Air Force One como avião presidencial durante seu mandato e, quando deixar a Casa Branca, seria doado à sua fundação da biblioteca presidencial.
O presidente e o vice-presidente estão isentos das leis de conflito de interesses, mas o chefe da Casa Branca é proibido por uma cláusula da Constituição americana de receber pagamentos de governos estrangeiros sem o consentimento do Congresso. Especialistas afirmam que as ações do presidente e seus filhos, já inéditas pela escala, são ainda mais perigosas porque são auxiliadas por um Congresso dominado pelos republicanos, bem como uma equipe de advogados poderosa capaz de achar brechas na interpretação das leis.
