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As cidades do interior do país que são as novas mecas do mercado do luxo

O mercado de luxo brasileiro, historicamente associado às grandes capitais, vive um processo de deslocamento silencioso e, ao mesmo tempo, impossível de ignorar. Cidades do interior, antes tratadas como alternativas mais tranquilas às regiões metropolitanas, passaram a ocupar posição estratégica no mapa do alto padrão, atraindo investimentos robustos e remodelando as fronteiras tradicionais do setor.

Balneário Camboriú, em Santa Catarina, frequentemente apelidada de “Dubai brasileira”, Sorriso, em Mato Grosso, e Xangri-Lá no Rio Grande do Sul, ilustram o fenômeno. O luxo está, de fato, se interiorizando. Para Fabiano Braga, especialista em negociações imobiliárias em Xangri-Lá, onde as casas chegam a custar R$ 27 milhões, a lógica que vinculava o consumo sofisticado exclusivamente aos grandes centros começa a perder consistência. “Cidades que combinam planejamento urbano, infraestrutura e uma sensação ampliada de exclusividade passaram a competir em pé de igualdade com as capitais”, afirma Fabiano.

Os números ajudam a dimensionar essa mudança. Entre 2021 e 2024, estima-se que os lançamentos de imóveis de alto padrão no interior tenham crescido cerca de 10% em relação às capitais, movimento acompanhado pela valorização expressiva dos chamados “produtos premium”. Na avaliação de Fabiano, dois vetores vêm impulsionando essa migração do alto padrão: o urbanismo planejado, cada vez mais presente em bairros e condomínios fechados, e a busca por segurança, fator decisivo para famílias que antes enxergavam o interior apenas como destino de temporada. O avanço do trabalho remoto completou a equação, permitindo transformar casas de veraneio em residências principais sem perda de produtividade.

Essa migração também reposicionou a construção civil. Incorporadoras passaram a investir em projetos que extrapolam estética e acabamento para entregar experiências completas com clubes privativos, serviços sob demanda, tecnologia embarcada e soluções sustentáveis tornaram-se diferenciais obrigatórios. Outros setores como educação, varejo e automobilístico, seguiram o rastro dessa remodelagem do mercado imobiliário e se instalaram em cidades interior para atender a essa demanda crescente. Afinal, as famílias que optam para uma mudança tão expressiva de endereço, precisam de uma infraestrutura completa, não apenas a moradia. Buscam um destino com escola para os filhos, centros comerciais e atendimento de saúde de qualidade.

O movimento, ao que tudo indica, está longe de arrefecer. Com maior conectividade, descentralização do trabalho e fortalecimento econômico de polos regionais, a tendência é que o interior siga ganhando protagonismo no mapa do luxo nacional e, ao que tudo indica, por um longo tempo.

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