No processo em que pede a indisponibilidade de bens e a quebra de sigilo bancário e fiscal das associações que fizeram descontos indevidos de aposentados do INSS, a Advocacia-Geral da União (AGU) listou cinco “entidades de fachada” investigadas no esquema.
É assim que os técnicos do órgão e os policiais federais classificam as associações aparentemente montadas apenas para fraudar os idosos. Elas não têm nenhuma estrutura administrativa para prestar serviços e ainda estariam em nome de laranjas.
Um levantamento anexado ao pedido da AGU mostra que essas entidades de fachada arrecadaram 830 milhões de reais dos aposentados e pensionistas. O volume se intensificou a partir de 2023, início do terceiro mandato do presidente Lula.
Fraude explodiu no governo Lula
Das cinco, três arrecadaram dinheiro dos aposentados do INSS somente durante o terceiro mandato de Lula. A Associação de Proteção e Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas (Apdap), sediada no município de Nossa Senhora do Socorro (SE), arrecadou 224 milhões de reais entre março de 2023 e março deste ano.
O Centro de Estudos e Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap), que tem endereço no bairro de Pinheiros, em São Paulo, recebeu 195 milhões de reais dos aposentados de maio de 2023 a março de 2025.
A Associação de Suporte Assistencial e Beneficente para Aposentados Servidores e Pensionistas do Brasil (Asabap), do Rio de Janeiro, arrecadou 22,9 milhões de reais entre agosto de 2023 e março de 2025.
A Associação no Brasil de Aposentados e Pensionistas da Previdência Social (APBrasil), de Nova Iguaçu (RJ), arrecadou 137 milhões de reais. O início dos descontos se deu no final do governo de Jair Bolsonaro, em setembro de 2022, e se estendeu até março último.
Entidades de fachada estão ligadas ao esquema do ‘Careca do INSS’
A Caixa de Assistência aos Aposentados e Pensionistas (CAAP), de Fortaleza (CE), arrecadou 251 milhões de reais entre agosto de 2022 e março último.
Um detalhe importante: três dessas entidades de fachada (Cebap, a Asabasp e a APBrasi) aparecem no organograma montado pela Polícia Federal ligadas a empresas de Antônio Carlos Camilo Antunes, o ‘Careca o INSS’, apontado como um dos mentores e beneficiários do esquema que subtraiu bilhões de reais das pensões dos idosos.
VEJA tentou contato com todas as cinco entidades, mas nenhuma delas respondeu aos pedidos de entrevista.
