counter Arqueólogos descobrem mural 3D de até 4.000 anos no Peru – Forsething

Arqueólogos descobrem mural 3D de até 4.000 anos no Peru

Um achado arqueológico no norte do Peru está mudando a forma como se entende a origem das primeiras civilizações do continente. No vale de Tanguche, região de La Libertad, arqueólogos descobriram um mural tridimensional multicolorido que pode ter até 4.000 anos. Com três metros de altura por seis de largura, a obra apresenta o desenho estilizado de uma ave de rapina com as asas abertas, cercada por motivos geométricos em alto-relevo e pintada em azul, amarelo, vermelho e preto.

O mural faz parte da decoração interna de um templo e mostra não apenas a habilidade artística dos povos que o criaram, mas também aspectos fundamentais de sua vida espiritual e social.

O que a arte revela sobre a sociedade?

A complexidade estética da obra sugere o surgimento de hierarquias sociais já no período formativo do Peru (2000 a.C. – 1000 a.C.). Os murais incluem ainda representações de peixes, redes de pesca, estrelas e figuras mitológicas, elementos que ajudam a reconstruir a cosmovisão das comunidades costeiras da época.

Os líderes mais influentes seriam xamãs e sacerdotes — homens e mulheres com conhecimento de plantas medicinais e astronomia. Eles tinham papel central na vida coletiva, prevendo fenômenos climáticos pela observação dos astros e conduzindo rituais religiosos. Em um dos murais, aparecem figuras humanoides em transformação para aves, possivelmente uma representação simbólica do transe xamânico, associado ao uso do cacto San Pedro, planta de efeito alucinógeno usada em rituais até hoje.

Lições do passado

O sítio Huaca Yolanda pode ser até anterior a Chavín de Huántar, um dos templos cerimoniais mais conhecidos e estudados dos Andes. Isso significa que a tradição religiosa e artística do Peru pré-hispânico é ainda mais antiga e sofisticada do que se imaginava.

Ao mesmo tempo, o local enfrenta ameaças modernas: a expansão agrícola, o avanço urbano e o saque de peças já destruíram partes de ruínas vizinhas. Sem proteção oficial do ministério da Cultura do Peru, a preservação do mural ainda é incerta. Além do valor histórico, o achado mostra que aquelas civilizações antigas tinham uma relação com o ambiente e o clima que pode ser útil hoje: elas aprenderam a conviver com fenômenos extremos como o El Niño, que ainda causa devastação na região.

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