Filho do sambista e compositor Arlindo Cruz, que faleceu no começo de agosto, com a lendária porta-bandeira Babi Cruz, difícil pensar em Arlindinho, 33 anos, sem associá-lo ao mais genuíno universo do samba carioca. Também cantor e compositor, ele é um dos pilares da nova geração do gênero que tem se aquecido em rodas de samba por todo o país – e fora dele. Recentemente, um show seu no Porto, em Portugal, atraiu uma multidão, viralizando nas redes sociais. No Carnaval, segue caminhos semelhantes aos do pai. Vem compondo sambas-enredo que já nascem antológicos, como o que deu vitória à Grande Rio, em 2022, sobre Exu; e o que promete sacudir a Sapucaí em 2026 na Vila Isabel, com homenagem ao pintor Heitor dos Prazeres. Convidado do programa semanal da coluna GENTE (disponível no canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+, na TV Samsung Plus e também na versão podcast no Spotify), gravado na Le Cordon Bleu de Botafogo, no Rio, Arlindinho fala sobre a presença do pai em sonhos, como foi compor um samba para o presidente Lula (PT) e opina sobre a conturbada chegada de Virginia Fonseca como rainha de bateria. Entre uma fala e outra, ele solta a voz em clássicos que contam a história da família de bambas da qual faz parte.
SHOWS INTERNACIONAIS. “Já fui outras vezes a Portugal, gosto muito, mas dessa vez foi o maior público. É a demonstração da força do povo brasileiro no mundo. A força do samba, força do segmento… O samba vive o melhor momento, acho que nem nos anos 1990 o samba viveu um momento tão forte, com tantas pessoas com orgulho de ser sambista, curtindo, de todas as classes, lugares, crenças…. Esse show que fiz é mais um pontinho desse momento maravilhoso que o samba vive”.
SONHO COM O PAI. “Sonhei com ele uma vez, mas eu já tinha essa ligação com ele em vida, na situação que estava. Obviamente, a gente sente a falta do cheiro dele, de abraçar. Mas sigo com leveza, porque a gente acredita na reencarnação, tem essa coisa do candomblé, aquele corpo, aquela alma precisava descansar. Lembro do meu pai com boas memórias, tenho o meu pai com aquele sorriso de saudade, barra felicidade, barra ‘valeu pai’, obrigado por tudo, barra ‘que cara maravilhoso’. Dói, mas até para partir ele preparou todo mundo. Foram oito anos se despedindo aos poucos”.
SAMBA DO CARNAVAL 2026. “Era um sonho meu ganhar um samba na Vila Isabel, porque faltava a Vila para eu ganhar um samba em todas as escolas que meu pai ganhou. Império Serrano, Grande Rio, São Clemente e Vila Isabel. Não sei se tenho pretensão de superar essa marca, mas tinha essa coisa: ‘onde meu pai ganhou, quero ganhar também’. Estava fazendo um samba para Império da Casa Verde, de São Paulo, e eu: ‘André (Diniz), como é o samba da Vila? Posso me meter nele?’ Aí dei uma ideia. E como eles não tinham começado, deixaram…”
LULA NA SAPUCAÍ. “Tomara que venha, ele se emocionou muito com o samba. Chegou a chorar. Já achei bacana dele estar envolvido com a escola, abraçando-a. Tomara que ele venha, a gente torce, porque fica aquela coisa bem forte. Janja também está super animada, tomará que ela também se anime de vir. Que Niterói faça um grande desfile e que mude esse paradigma da escola que sobe ser rebaixada. Tem que mudar esse histórico”.
Agradecimento: Le Cordon Bleu / Apoio: Sem Casca Comunicação / Sobre o programa semanal da coluna GENTE. Quando: vai ao ar toda segunda-feira. Onde assistir: No canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+, na TV Samsung Plus ou no canal VEJA GENTE no Spotify, na versão podcast.