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Argentina vai flexibilizar banda cambial a partir de janeiro para recompor reservas

O Banco Central da Argentina anunciou que, a partir de 1º de janeiro, passará a ampliar mensalmente os limites superior e inferior da banda cambial do peso de acordo com a inflação do mês anterior. Até agora, o ajuste era fixo em 1% ao mês, independentemente da variação dos preços.

A mudança ocorre num contexto de escassez crônica de dólares e faz parte da estratégia do presidente Javier Milei para restaurar a confiança do mercado financeiro e recompor as reservas internacionais do país.

Em novembro, a inflação mensal argentina foi de 2,5%, acima do ritmo de desvalorização permitido pela banda cambial vigente. Na prática, isso vinha provocando uma valorização do peso em termos reais, dificultando a acumulação de reservas necessárias para o pagamento da dívida externa e a importação de insumos básicos.

Além da flexibilização da banda, a autoridade monetária informou que dará início a um programa de compra de reservas “compatível com a evolução da demanda por moeda e da liquidez do mercado de câmbio”. No cenário-base do governo, o plano permitiria a aquisição de até US$ 10 bilhões até dezembro de 2026.

Trata-se da alteração mais significativa no regime cambial desde abril, quando o sistema foi implementado como parte de um acordo de US$ 20 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

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Economistas vinham criticando o modelo por atrasar a recomposição das reservas, ao mesmo tempo em que sustentava artificialmente o peso como instrumento de combate à inflação.

Estimativas apontam que a Argentina está mais de US$ 10 bilhões abaixo da meta de acúmulo de reservas acordada com o FMI.

A fragilidade ficou evidente em outubro, quando temores de que o país ficasse sem dólares provocaram uma corrida contra o peso, pressionando o sistema de bandas cambiais.

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Após o anúncio desta segunda-feira, o rendimento do título soberano argentino de 10 anos caiu para 10,32% ao ano, sinalizando uma reação positiva dos mercados. A queda dos juros indica valorização dos papéis.

Desde que assumiu a Presidência, Milei tem conduzido um amplo programa de reformas liberalizantes, com foco em ajuste fiscal rigoroso, corte de subsídios, desregulamentação da economia e redução do papel do Estado.

A estratégia busca controlar a inflação, reequilibrar as contas públicas e reinserir a Argentina nos mercados internacionais de crédito.

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O presidente ganhou fôlego político após a vitória de seu campo político nas eleições legislativas de outubro, que ampliaram sua base de apoio no Congresso e reforçaram a percepção de estabilidade do governo no curto prazo.

Apesar disso, investidores seguem pressionando pela eliminação total dos controles cambiais e pela adoção de um câmbio flutuante.

O ministro da Economia, Luis Caputo, tem rechaçado essa possibilidade. Em declarações recentes, afirmou que a liberação completa “não vale o risco”, citando o histórico argentino de desvalorizações abruptas. Segundo ele, o atual regime oferece previsibilidade.

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