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Áreas de degelo da Antártica são mapeadas com precisão pela primeira vez

Pela primeira vez, a Antártica passou por um mapeamento padronizado e contínuo que permitiu identificar que cerca de 1% do território está livre de gelo. Durante décadas, pesquisadores enfrentaram dificuldades para delimitar com precisão essas áreas. Um dos maiores obstáculos é o chamado sol da meia-noite, fenômeno natural do verão em que o dia dura 24 horas e produz sombras que distorcem as imagens. Uma nova tecnologia — que cruza 150 mil imagens de satélite, séries históricas desde 1985, um sistema de classificação por inteligência artificial e resolução de 30 metros — permitiu que o MapBiomas desse um passo decisivo no reconhecimento das áreas verdes do continente.

O monitoramento padronizado de toda a Antártica reúne imagens em alta resolução para mostrar, com clareza, onde o gelo recuou, onde há solo exposto e como essas zonas se distribuem. Esse retrato detalhado é fundamental para compreender a velocidade e a extensão das transformações do continente mais sensível às mudanças climáticas.

Antes desse levantamento, estudos sobre áreas livres de gelo eram fragmentados, baseados em observações pontuais de campo ou em mapas mais gerais produzidos por agências como NASA e ESA. Sabia-se que a Antártica tinha trechos naturalmente sem gelo — como a Península Antártica, os vales secos e algumas zonas costeiras —, mas nunca havia sido obtida uma visão integrada e comparável de todo o território. O novo mapeamento une séries anuais e padronizadas, permitindo identificar não apenas a dimensão atual dessas áreas, mas também sua dinâmica de expansão ou retração ao longo dos anos.

A relevância do estudo é dupla. Cientificamente, ele estabelece uma linha de base inédita para monitorar o avanço do degelo e as mudanças nos ecossistemas antárticos, incluindo a presença de musgos, líquens e algas terrestres em regiões antes permanentemente congeladas. Em escala global, o dado acende um alerta: mesmo que 1% pareça pouco, qualquer variação no gelo antártico impacta a circulação atmosférica, o nível do mar e o clima do Hemisfério Sul. Com esse mapa em mãos, pesquisadores ganham uma ferramenta essencial para acompanhar como o continente mais extremo do planeta está respondendo ao aquecimento global.

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