Para o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), o arcabouço fiscal criado pelo governo Lula para substituir o teto de gastos adotado durante a gestão de Michel Temer “é bom, mas é muito complexo”. Com tantas regras e permissões, o atual mecanismo de controle do Orçamento “permite magias fiscais que podemos chamar de pedaladas e contabilidade criativa.”
Segundo o magistrado, que presidiu o TCU de 2022 a 2024, um exemplo de como o atual governo cria mecanismos parafiscais para aumentar os gastos é o programa Pé-de–Meia, que beneficia estudantes do ensino médio para evitar o abandono dos estudos. O programa é bancado pelo Fundo de Custeio da Poupança de Incentivo à Permanência e Conclusão Escolar para Estudantes do Ensino Médio (Fipem), criado pela lei nº 14.818/2024.
Dantas, que é o relator do processo que apura as medidas parafiscais da União, afirma que é necessário que o governo inclua os projetos prioritários com transparência no Orçamento. “Não pode usar jeitinho para tirar do Orçamento”, disse ao participar de um painel do Fórum Esfera 2025, promovido pela Esfera Brasil nesta sexta-feira 6 na cidade paulista do Guarujá. O magistrado afirma que acredita na “boa fé das pessoas que governam o país” para que realizem um debate maduro sobre este e outros temas com impacto fiscal relevante como o fim dos supersalários do funcionalismo público.