O governo da Argentina declarou nesta terça-feira, 26, o Cartel de los Soles, da Venezuela, uma organização terrorista, seguindo os passos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A Casa Branca acusa o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de liderar o grupo criminoso e oferece uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura do líder do regime chavista.
“No âmbito dos compromissos internacionais assumidos pela República Argentina em relação ao combate ao terrorismo e seu financiamento, e em cumprimento à normativa nacional vigente, o Governo Nacional ordenou a incorporação da organização criminosa transnacional conhecida como “Cartel de los Soles” ao Registro Público de Pessoas e Entidades Vinculadas a Atos de Terrorismo e seu Financiamento (RePET), dependente do Ministério da Justiça”, anunciou o Ministério das Relações Exteriores e Culto da Argentina em comunicado.
A decisão é “baseada em relatórios oficiais que confirmam atividades ilícitas transnacionais, incluindo tráfico de drogas, contrabando e exploração ilegal de recursos naturais, bem como ligações com outras organizações criminosas na região”, segundo a declaração. O ministério argentino afirmou que a medida “fortalece os mecanismos preventivos e sancionatórios contra operações de financiamento vinculadas ao terrorismo e ao crime organizado”, além de reforçar compromissos com a paz e a justiça “no âmbito do respeito ao direito internacional”.
A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, comemorou a notícia e agradeceu ao presidente da Argentina, Javier Milei, pelo “firme e determinado apoio à justa causa da Liberdade e da democracia na Venezuela”. No X, antigo Twitter, ela disse que a população “enfrentou com imensa bravura e dignidade um regime criminoso, narcoterrorista, que intencionalmente causou miséria, violência e a fuga de milhões de cidadãos”, mas está “unida, organizada e determinada, pronta para conquistar sua Liberdade”.
“Sabemos que também contamos com o apoio dos povos irmãos das Américas e dos verdadeiros líderes democráticos do mundo. A VENEZUELA SERÁ LIVRE!!!”, escreveu ela.
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Colômbia x EUA
A resolução do governo Milei acontece um dia após o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, negar a existência do Cartel de los Soles, alegando que se trata de “uma desculpa fictícia usada pela extrema-direita para derrubar governos que não a obedecem”. Em contrapartida, a administração Trump acusa Maduro de ser “líder do Cartel de los Soles, responsável pelo tráfico de drogas para os Estados Unidos”, como apontou um comunicado de imprensa assinado pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.
Em declaração recente, a secretária de Justiça dos Estados Unidos, Pam Bondi, informou que foram apreendidos US$ 700 milhões em ativos ligados a Maduro. O líder do regime chavista não só violou as leis de narcóticos americanas e tomou o poder de forma não democrática na Venezuela, mas também tem ligações com grupos criminosos, como o Tren de Aragua e o Cartel de Sinaloa, e é líder do Cartel de los Soles “há mais de uma década”, segundo o governo americano.
As acusações escalaram para uma movimentação militar americana em direção à Venezuela. Os navios de guerra USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson atuam desde semana passada na costa venezuelana, também patrulhada por aviões de vigilância. Eles, nos próximos dias, passarão a ser acompanhados pelo destróier USS Lake Erin, capaz de disparar 122 mísseis, e pelo submarino USS Newport News, com ataque de propulsão nuclear.
Três contratorpedeiros, do grupo Anfíbio de Prontidão (ARG, na sigla em inglês), voltaram a navegar rumo à região nesta segunda-feira, 25, depois de terem sido forçados a retornar aos Estados Unidos devido ao furacão Erin. As embarcações americanas poderão ser usados para diferentes finalidades, de operações de inteligência vigilante a ataques direcionados contra a terra firme, disse uma autoridade à Reuters sob condição de anonimato.
Eles se somarão ao avião Poseidon P-8, da Marinha, que tem operado a partir de San Juan, em Porto Rico, e tem conduzido voos circulares nos arredores de Aruba, no norte da Venezuela, para localizar semissubmersíveis, comumente usados pelo narcotráfico para transportar drogas para o México. De lá, os entorpecentes seguem para os EUA. Um Boeing E-3 Sentry também foi localizado na região, sendo empregado para localizar alvos de interesse.