O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pediu nesta terça-feira, 18, que o Hamas seja expulso da região, um dia após o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovar uma resolução apresentada pelos Estados Unidos, com base no roteiro de 20 pontos estipulado por Donald Trump, com os próximos passos para encerrar a guerra. O texto, entre outras garantias, oferece anistia a membros do grupo palestino.
Netanyahu apoiou publicamente o plano de Trump durante uma visita à Casa Branca no final de setembro. No entanto, suas declarações mais recentes parecem mostrar que existem divergências com Washington. O Hamas também se opôs a partes da proposta.
As posições inflexíveis tanto de Israel quanto do Hamas dificultaram o avanço do plano, que carece de prazos específicos ou mecanismos de implementação. Mesmo assim, o texto recebeu forte apoio internacional.
“Expulsão do Hamas”
Netanyahu publicou uma série de posts na rede X nesta terça-feira em resposta à votação na ONU. Em uma publicação, ele aplaudiu Trump e, em outra, escreveu que o governo israelense acredita que o plano levará à paz e à prosperidade porque prevê a “desmilitarização, o desarmamento e a desradicalização de Gaza”.
“Israel estende a mão da paz e da prosperidade a todos os nossos vizinhos” e convida os países vizinhos a “se unirem a nós na expulsão do Hamas e seus apoiadores da região”, disse ele.
Questionado sobre o que o primeiro-ministro quis dizer com “expulsar o Hamas”, um porta-voz indicou que isso significaria apenas “garantir que não haja Hamas em Gaza, conforme delineado no plano de 20 pontos, e que o Hamas não tenha capacidade de governar o povo palestino dentro da Faixa de Gaza”.
Resolução não prevê expulsão
O plano de 20 pontos de Trump inclui uma cláusula que diz que os membros do Hamas “que se comprometerem com a coexistência pacífica e com o desarmamento receberão anistia” e os membros que desejarem sair de Gaza terão salvo-conduto para países terceiros.
Outra cláusula afirma que o Hamas deve concordar em não ter qualquer papel na governança do enclave palestino. Não há nenhuma cláusula que exija explicitamente que o grupo se dissolva ou deixe o território.
O texto afirma que as reformas na Autoridade Palestina, sediada na Cisjordânia, podem, em última análise, criar as condições “para um caminho crível rumo à autodeterminação e à criação de um Estado palestino”.
Antes da votação no Conselho de Segurança, Netanyahu afirmou no último domingo que Israel continuava se opondo à criação de um Estado palestino, após protestos de aliados em sua coalizão de extrema direita. O premiê também se opõe a qualquer envolvimento da Autoridade Palestina em Gaza.
Força multinacional pós-guerra
A resolução do Conselho de Segurança autorizou uma força multinacional que, segundo o plano de Trump, será temporariamente enviada a Gaza para estabilizar o território, embora nenhum país tenha ainda se comprometido a disponibilizar seus soldados. O texto da resolução também afirma que os Estados-membros das Nações Unidas poderiam integrar um “Conselho de Paz”, encabeçado pelo presidente dos Estados Unidos, que supervisionaria a reconstrução e a recuperação econômica do enclave.
O Hamas criticou a resolução por não “atender às demandas e aos direitos políticos e humanitários” do povo palestino, que, segundo o grupo, rejeita a criação de um mecanismo internacional de tutela para Gaza.
Em nota, os combatentes afirmaram que qualquer força internacional precisa ser mobilizada apenas ao longo das fronteiras de Gaza para monitorar o cessar-fogo sob supervisão da ONU. O comunicado indicou que tal força perderia sua neutralidade se tentasse desarmar o grupo palestino — uma objeção, mas não uma rejeição completa da resolução do Conselho de Segurança.
Um cessar-fogo entre Israel e Hamas entrou em vigor em 10 de outubro como parte do plano de Trump para encerrar a guerra. Houve uma retirada parcial das forças israelenses do enclave, mas elas controlam ainda 53% do território, e ambos lados se acusam mutuamente de violações da trégua.