Os Estados Unidos deixarão a Unesco, agência de cultura e educação das Nações Unidas, informou a agência de notícias Reuters nesta terça-feira, 22. Será apenas a mais recente instituição internacional da qual o presidente americano, Donald Trump retirou seu país.
Dois diplomatas europeus confirmaram a medida, que representa um golpe para a agência sediada em Paris, fundada após a Segunda Guerra Mundial para promover a paz por meio da cooperação internacional em educação, ciência e cultura. O jornal americano New York Post também noticiou a saída dos Estados Unidos, citando um funcionário da Casa Branca. O comunicado oficial ainda não foi divulgado.
Saída do palco internacional
Trump vem conduzindo uma redefinição do papel dos Estados Unidos na geopolítica, em que não há espaço para diplomacia e trabalho em conjunto, apenas negócios. Mal sentou-se à mesa no Salão Oval, desferiu seu primeiro grande golpe ao multilateralismo ao assinar um decreto para retirar o país da Organização Mundial da Saúde (OMS), que acusou de má gestão da covid-19 e de deferência à China.
Da mesma forma, saiu do Acordo de Paris, repetindo o movimento do primeiro mandato, que segundo ele sobrecarrega desproporcionalmente as indústrias americanas, particularmente as de carvão, petróleo e manufatura, no combate às mudanças climáticas.
Em fevereiro, anunciou ainda que Washington não faria mais parte do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, acusando o órgão de adotar políticas anti-Israel e ser palanque para ditaduras como China, Venezuela e Cuba. Com os golpes, a ONU, já desidratada e pouco influente, fica ainda menos confiável como mediadora num mundo imprevisível.
Trump também suspendeu o apoio à UNRWA, principal órgão da ONU em Gaza, e chocou o mundo ao desmantelar a USAid, agência do governo americano que respondia por mais de 40% de toda a ajuda humanitária do mundo, o que levou à suspensão de dezenas de programas de saúde, educação e controle de epidemias em mais de 120 países.
Ele tomou medidas semelhantes durante seu primeiro mandato, deixando a OMS, o Conselho de Direitos Humanos, o Acordo de Paris – e também o acordo nuclear com o Irã. Seu sucessor, Joe Biden, reverteu essas decisões após assumir o cargo em 2021.
Financiamento americano
A Unesco é conhecida por classificar Patrimônios Mundiais, incluindo o Grand Canyon, nos Estados Unidos, e a antiga cidade de Palmira, na Síria. Os Estados Unidos aderiram à instituição em sua fundação, em 1945. Mas não é a primeira vez que deixam o órgão. Em 1984, Ronald Reagan tomou a decisão em protesto contra o que denunciou como má gestão financeira e políticas antiamericanas, voltando à ativa apenas quase vinte anos depois, em 2003, sob o presidente George W. Bush, que então afirmou que a agência havia realizado as reformas necessárias.
Os Estados Unidos fornecem cerca de 8% do orçamento total da Unesco – uma queda em relação aos cerca de 20% na época em que Trump retirou o país da agência pela primeira vez.