A vitória de Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), nas eleições presidenciais na Bolívia neste domingo, 20, movimentou o tabuleiro político da América do Sul. Após quase 20 anos de domínio da esquerda, excluída do segundo turno, Paz assumirá o comando do governo boliviano em novembro sob a promessa de oferecer “capitalismo para todos” e pôr fim à lógica do “Estado tranca”, no qual a burocracia exacerbada trava o desenvolvimento econômico.
O triunfo de Paz é reflexo de um movimento mais amplo, também registrado em países da Europa: o avanço da direita e da extrema direita. O conservadorismo, por aqui, também pode ganhar espaço devido às eleições no Chile, onde José Antonio Kast Rist, da direita, aparece como favorito na disputa. A alternância entre direita e esquerda é comum na história moderna do continente.
Até meados do século XX, a maioria dos países sul-americanos esteve submetido a ditaduras, incluindo Brasil e Argentina. A guinada à esquerda aconteceria apenas no início dos anos 2000 e ganharia até nome: “onda rosa”, como cunhou o jornalista Larry Rohter, do jornal americano The New York Times, após o êxito do esquerdista Tabaré Vázquez no Uruguai.
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A mudança ocorreu em meio ao boom das commodities por demanda da China, o que beneficiou países exportadores e impulsionou o desenvolvimento econômico, ao mesmo tempo em que crescia o apelo pela redução da desigualdade social. Mas a crise de 2008, resultado de uma bolha imobiliária nos Estados Unidos, e a redução do valor das commodities levaria à ascensão conservadora na América do Sul, marcada pela histórica instabilidade democrática.
Hoje, o placar continua favorável, ainda que por margem estreitíssima, para a esquerda. Cinco dos 12 países do continente são liderados por políticos direitistas. Mas o pleito no próximo mês no Chile e as eleições em 2026 no Brasil tornam o futuro incerto. Veja abaixo quais países são governados, no momento, pela esquerda ou direita.
ESQUERDA (7)
- Brasil – Luiz Inácio Lula da Silva
- Chile – Gabriel Boric
- Colômbia – Gustavo Petro
- Guiana – Irfaan Ali
- Suriname – Jennifer Simons
- Uruguai – Yamandú Orsi
- Venezuela – Nicolás Maduro
DIREITA (5)
- Argentina – Javier Milei
- Bolívia – Rodrigo Paz
- Equador – Daniel Noboa
- Paraguai – Santiago Peña
- Peru – José Neri