As Forças Armadas da Venezuela reagiram ao anúncio do bloqueio a navios petroleiros do país pelos Estados Unidos, definindo as declarações do presidente americano, Donald Trump, como “delirantes” e descrevendo a medida como um “ato de pirataria”. O comunicado foi divulgado nesta quarta-feira, 17, pelo ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, que também reafirmou o apoio dos militares ao regime de Nicolás Maduro e acusou Washington de promover “alegações fantasiosas” para tentar se apoderar do petróleo de Caracas.
Em uma publicação no Instagram, Padrino publicou o documento na íntegra, afirmando ser uma denúncia ao mundo sobre as ações americanas, que supostamente visam os recursos naturais venezuelanos. “As intenções perversas planejadas desde o início da escalada belicista, em meados deste ano, não são outras senão forçar uma mudança de regime em nosso país e se apoderar grosseiramente de seu petróleo e demais recursos naturais estratégicos. Tudo é por petróleo!”, afirma o comunicado.
O documento pede que os organismos multilaterais ajam diante da atitude “demencial” dos Estados Unidos, que “coloca em risco não apenas a Venezuela, mas toda a região latino-americana e caribenha”. As Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) também se comprometem a preservar “o atual sistema constitucional e democrático” e a integridade territorial do país.
As declarações são uma resposta direta ao “bloqueio completo e total” de navios petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela, anunciado na terça-feira, 16, pelo presidente Trump. O republicano defende que Maduro usa o recurso para financiar o narcotráfico, o tráfico de pessoas, assassinatos e sequestros.
“Não vamos ficar parados assistindo embarcações sancionadas navegando pelos mares com petróleo do mercado negro, cujos lucros alimentarão o narcoterrorismo de regimes rebeldes e ilegítimos ao redor do mundo”, disse a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, após a interceptação do navio Skipper, primeiro a ser retido por autoridades americanas.
Caracas já havia reagido ao anúncio do bloqueio nesta quarta, afirmando que “o presidente dos Estados Unidos pretende impor, de maneira absolutamente irracional, um suposto bloqueio naval militar à Venezuela com o objetivo de roubar as riquezas que pertencem à nossa pátria”, definindo a medida como uma violação ao livre comércio e navegação.
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Tensões crescentes
Desde que Trump retornou à Casa Branca, no início do ano, as tensões entre os países têm escalado vertiginosamente, com Washington despachando navios de guerra para patrulhar a costa venezuelana. Durante sua estadia no mar do Caribe, os militares americanos bombardearam 26 embarcações próximas à costa venezuelana, supostamente vinculadas ao narcotráfico, resultando em 95 mortos. Além disso, a Casa Branca acusa o próprio Maduro de liderar um cartel de drogas.
Trump vem sugerindo repetidamente que a campanha militar pode se expandir dos mares para a terra, ampliando os temores de uma invasão à Venezuela. No início de dezembro, a Casa Branca orientou cidadãos americanos a deixarem a nação sul-americana devido ao “alto risco de detenção ilegal, tortura, terrorismo, sequestro, aplicação arbitrária das leis locais, criminalidade e agitação civil”.
Como resposta, Maduro instruiu unidades militares a promover uma resistência no estilo de guerrilha no caso de uma invasão. De acordo com a agência de notícias Reuters, o cenário é motivado pela consciência de Caracas a respeito da capacidade de seu Exército, que sofre com escassez de efetivo e equipamentos.