O Brasil voltou a figurar entre os 20 países com maior número de crianças sem nenhuma dose de vacina em 2024, segundo relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). O país aparece na 17ª posição do ranking global, depois de ter saído da lista no ano anterior. Apesar do retrocesso, o cenário ganhou um ‘fôlego’ em 2025 com a intensificação da vacinação nas escolas, segundo o Ministério da Saúde.
No primeiro semestre deste ano, mais de um milhão de doses foram aplicadas em 4,1 mil municípios como parte do Programa Saúde na Escola (PSE), uma ação conjunta dos ministérios da Saúde e da Educação.
Em abril, foram aplicadas 212 mil doses em crianças e adolescentes no ambiente escolar, número dez vezes maior do que o registrado em março, segundo a pasta da Saúde. Em maio, o total subiu para 583 mil. Fora do ambiente escolar, os dados também indicam aumento na cobertura de 15 das 16 vacinas do calendário infantil e juvenil no primeiro quadrimestre de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024. Entre os destaques estão:
- BCG: de 63,59% para 88,29%
- Hepatite B (<30 dias): de 63,50% para 84,93%
- Meningocócica C (1º reforço): de 72,50% para 88,35%
- Meningo C (dose inicial): de 69,72% para 84,31%
- Tríplice Viral (dose de reforço): de 61,62% para 72,89%
Os dados também mostram melhora na vacinação contra o HPV: em meninas de 9 a 14 anos, a cobertura passou de 78,4% (2022) para 82,8% (2024); entre os meninos, de 45,4% para 67,2% no mesmo período. Os dados do primeiro semestre de 2025 não foram divulgados. “Estamos mostrando que já começamos a recuperar esse grande esforço de salvar vidas no Brasil, por meio do nosso Programa Nacional de Imunizações (PNI)”, declarou o ministro Alexandre Padilha.
Crianças ‘zero-dose’
De acordo com os dados divulgados pela OMS, o Brasil passou de 103 mil crianças não vacinadas em 2023 para 229 mil em 2024. O indicador utilizado é a aplicação da DTP1 — a primeira dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche — considerada um marcador-chave para identificar as chamadas “crianças zero dose”, ou seja, aquelas que não receberam nenhuma vacina do calendário básico.
No balanço divulgado pelo Ministério da Saúde na última quarta-feira, não há menção à cobertura da primeira dose da vacina DTP (difteria, tétano e coqueluche). Ou seja, não é possível afirmar se houve redução no número de crianças “zero dose” no país em 2025. A pasta, no entanto, divulgou avanços na aplicação do reforço dessa vacina, administrado após as doses iniciais. Nesse caso, a cobertura passou de 74,49% em 2024 para 81,97% em 2025.
“Vacinas salvam vidas. Elas permitem que indivíduos, famílias, comunidades e nações prosperem. Porém, cortes drásticos na ajuda humanitária, combinados com a desinformação sobre a segurança das vacinas, colocam em risco décadas de avanços”, lamentou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.