As vendas do comércio varejista subiram 0,2% em agosto em relação a julho, após uma sequência de quatro meses com resultados negativos. Apesar da virada, o ritmo segue fraco. Na comparação com agosto de 2024, o avanço foi de 0,4%, o quinto seguido. No acumulado do ano, o varejo cresceu 1,6%. Em 12 meses, a taxa chegou a 2,2%, o menor crescimento desde janeiro, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE divulgada nesta terça-feira, 15.
O gerente da pesquisa, Cristiano Santos, afirma que o comércio está sustentando uma base ainda elevada, já que março foi o pico da série com ajuste sazonal. Segundo ele, as variações dos últimos meses têm sido muito próximas de zero, para cima ou para baixo. “O que muda é que a sequência de quatro variações pequenas, mas com viés de baixa, já estava fazendo uma diferença para o pico da série de março, em termos de patamar. Assim, com a entrada de agosto, observamos que essa diferença para de aumentar”, diz.
Setores em destaque
Cinco dos oito segmentos pesquisados registraram alta em agosto. O melhor desempenho foi de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, com crescimento de 4,9%, impulsionado pela desvalorização do dólar. Também avançaram tecidos, vestuário e calçados, com 1%, artigos farmacêuticos e de perfumaria, com 0,7%, móveis e eletrodomésticos, com 0,4%, e hiper e supermercados, com 0,4%.
Os setores que apresentaram queda foram livros e papelaria, com recuo de 2,1%, combustíveis e lubrificantes, com queda de 0,6%, e outros artigos de uso pessoal e doméstico, com retração de 0,5%.
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, materiais de construção e atacado de alimentos, bebidas e fumo, o volume de vendas aumentou 0,9% em agosto após três meses de perdas. Em relação ao mesmo mês do ano passado, houve queda de 2,1%. No acumulado do ano, o varejo ampliado recua 0,4%, com alta de 0,7% no acumulado de 12 meses.
Desempenho regional
O avanço das vendas foi observado em 16 das 27 unidades da federação. Os maiores crescimentos foram no Rio Grande do Norte, com alta de 2,6%, Maranhão, com 2,5%, e Paraíba, com 1,9%. Entre as quedas, destacam-se Amapá, com retração de 4,3%, Rondônia, com 1,5%, e Espírito Santo, com 1,2%.
No varejo ampliado, Goiás liderou o crescimento, com alta de 4,8%, seguido por Maranhão, com 2,3%, e Rio Grande do Norte, com 2,2%.
Tendência de desaceleração
Na comparação anual, o varejo acumula cinco meses seguidos de crescimento, mas com perda de fôlego. Os setores de móveis e eletrodomésticos, artigos farmacêuticos e de perfumaria e outros artigos de uso pessoal e doméstico foram os principais responsáveis pelo avanço de 0,4% em relação a agosto de 2024. Já o setor de hiper e supermercados, o de maior peso na pesquisa, recuou 0,5%, registrando o pior resultado desde fevereiro de 2023.
Cristiano Santos avalia que o cenário ainda é de ganhos, mas em desaceleração. “As taxas vêm perdendo força mês a mês”, afirmou o gerente da pesquisa.