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Ao menos 85 palestinos foram mortos enquanto esperavam ajuda humanitária em Gaza

Ao menos 85 palestinos foram mortos enquanto tentavam acessar ajuda humanitária em diferentes pontos da Faixa de Gaza, informou o Ministério da Saúde do território neste domingo, 20.

A maior parte das mortes ocorreu no norte de Gaza, onde pelo menos 79 pessoas foram mortas ao tentar conseguir alimentos que entravam pela passagem de Zikim, na fronteira com Israel. De acordo com o Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA), 25 caminhões com mantimentos haviam acabado de cruzar a fronteira, quando os que aguardavam foram surpreendidos por disparos e explosões.

“De repente, tanques nos cercaram e nos encurralaram sob uma chuva de tiros e ataques. Ficamos presos por cerca de duas horas”, contou Ehab Al-Zei à Associated Press (AP). “Nunca mais voltarei. Deixe-nos morrer de fome, é melhor.”

O PMA classificou a violência como “completamente inaceitável”, destacando os riscos extremos enfrentados tanto por civis quanto por trabalhadores humanitários. Testemunhas afirmaram que os disparos partiram de forças israelenses, e relataram a presença de drones e tanques atirando contra civis que corriam ou tentavam se proteger.

O Exército israelense, por sua vez, afirmou que os soldados dispararam contra um grupo numeroso que, segundo eles, representava uma ameaça. Em nota, os militares reconheceram “algumas baixas” e disseram estar conduzindo uma investigação, mas alegaram que os números apresentados pelas autoridades locais em Gaza são “inflados”. O exército também acusou o Hamas de fomentar o caos e colocar civis em risco deliberadamente, afirmando que continua empenhado em facilitar a entrada de ajuda humanitária.

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O Ministério da Saúde informou ainda que outros seis palestinos foram mortos na área de Shakoush, a algumas centenas de metros ao norte de um centro da recém-criada Fundação Humanitária de Gaza – um grupo apoiado pelos Estados Unidos e por Israel – na cidade de Rafah, no sul. Além disso, mais de 150 feridos foram registrados, alguns em estado crítico.

Separadamente, sete palestinos que não estavam em busca de ajuda humanitária foram mortos enquanto se abrigavam em tendas na cidade de Khan Younis, também no sul da Faixa de Gaza. Entre as vítimas estava um menino de cinco anos, segundo o Hospital de Campanha Especializado do Kuwait, que recebeu os feridos.

Novas ordens de evacuação afetam mobilidade e atuação humanitária

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O exército israelense emitiu novas ordens de evacuação para áreas do centro da Faixa de Gaza, uma região onde raramente havia atuado com tropas terrestres e onde se concentram muitas organizações internacionais que prestam assistência humanitária. Segundo um grupo de assistência médica, escritórios e casas de apoio de várias entidades receberam instruções para evacuação imediata. Até o momento, o governo israelense não comentou o caso.

As novas ordens comprometem a mobilidade dentro do território, cortando o acesso entre a cidade central de Deir al-Balah e as localidades ao sul, como Rafah e Khan Younis. Além disso, os militares reforçaram as ordens de evacuação já existentes para o norte de Gaza.

A área abrangida pela nova diretriz se estende desde uma zona previamente evacuada até a costa do Mediterrâneo. A ONU manifestou preocupação com os impactos da medida sobre suas operações e informou que buscou esclarecimentos junto às autoridades israelenses sobre a inclusão — ou não — de suas instalações localizadas na parte sudoeste de Deir al-Balah. Um funcionário da organização, sob condição de anonimato por não estar autorizado a falar com a imprensa, afirmou que, em ocasiões anteriores, os prédios da ONU foram poupados.

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Segundo a organização Assistência Médica aos Palestinos (MAP, na sigla em inglês), nove clínicas – incluindo a operada pela própria entidade – foram obrigadas a encerrar atividades. Também foram evacuados escritórios e residências utilizadas por trabalhadores humanitários. Ainda não se sabe oficialmente quais outras instituições foram afetadas.

O porta-voz militar israelense Avichay Adraee orientou a população a se dirigir para a região de Muwasi, uma área costeira no sul de Gaza designada pelo exército como “zona humanitária”. No entanto, organizações internacionais alertam que se trata de um acampamento improvisado, com infraestrutura precária e pouca capacidade para receber os deslocados.

 

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