counter Ao lado de Modi, Lula volta a criticar ameaças de Trump ao Brics: ‘Não aceitamos intromissão’ – Forsething

Ao lado de Modi, Lula volta a criticar ameaças de Trump ao Brics: ‘Não aceitamos intromissão’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) condenou nesta terça-feira, 8, a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma taxa adicional aos países que se alinharem às políticas do Brics após o grupo expressar “sérias preocupações” com a aplicação de tarifas unilaterais pelo governo dos EUA. As críticas ocorreram em uma coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, que presta uma visita de Estado ao Brasil.

“Não aceitamos nenhuma reclamação contra a reunião do Brics”, disse Lula, um dia após a reunião de cúpula do bloco no Rio de Janeiro, marcada pela ausência de Xi Jinping, da China, e de Vladimir Putin, da Rússia. “Não concordamos quando ontem (segunda-feira) o presidente dos EUA insinuou que vai taxar os países do Brics.”

“Somos países soberanos, não aceitamos intromissão de quem quer que seja nas nossas decisões soberanas, no jeito que cuidamos do nosso povo. Defendemos o multilateralismo, porque foi o sistema que depois da 2ª Guerra permitiu que o mundo chegasse ao Estado de harmonia que está sendo deformado hoje pelo surgimento do extremismo”, acrescentou ele.

Na véspera, Lula já havia criticado a declaração do republicano. Em resposta a uma pergunta sobre a possível nova taxação dos EUA, ele disse que “não acha uma coisa muito responsável e séria um presidente da República, de um país do tamanho dos Estados Unidos, ficar ameaçando o mundo através da internet”.

“O mundo mudou. Nós não queremos imperador, nós somos países soberanos. Se ele achar que pode taxar, os outros países tem o direito de taxar também. Existe a lei da reciprocidade”, completou.

Continua após a publicidade

+ ‘Brics não nasceu para afrontar ninguém’, diz Lula após ameaças de Trump

Parceria Brasil-Índia

Lula também defendeu que Brasil e Índia tenham assentos permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas — hoje, apenas China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos têm poder de veto. Ele afirmou que é “inaceitável” que “países do porte do Brasil e da Índia” não façam parte de forma definitiva do órgão da ONU, já que ambos são “aliados naturais na resposta a um dos maiores desafios do nosso tempo: a erradicação da fome e da pobreza e o enfrentamento à mudança do clima”.

Além disso, o líder brasileiro incentivou que Brasília e Nova Déli estreitem os laços comerciais. Lula opinou que as relações econômicas entre os dois países têm potencial para alcançar a meta de 45 bilhões de dólares (mais de R$ 244 bilhões) — no ano passado, o comércio bilateral totalizou tímidos US$ 12 bilhões (cerca de R$ 65 bilhões).

“Nosso fluxo comercial de 12 bilhões de dólares não está à altura das nossas economias. Quando estive na Índia, há 20 anos, tínhamos como perspectiva chegar a 15 bilhões de dólares”, disse Lula. Estamos determinados a acelerar essa meta, triplicando esse valor em curto prazo. Desde a cúpula do G20 em Nova Délhi, em setembro de 2023, mais de 70 missões brasileiras de promoção comercial e de investimentos foram à Índia.”

Continua após a publicidade

O petista tratou, ainda, dos potenciais ganhos para a Índia caso firme uma parceria com a Embraer. O governo brasileiro tenta vender aviões comerciais e militares do conglomerado. Lula informou que expos “ao Primeiro-Ministro Modi a disposição da Embraer de consolidar sua presença na Índia em parceria com empresas locais, com transferência de tecnologia e formação profissional”.

Por fim, Lula defendeu que a “ampliação do acordo Mercosul-Índia pode contribuir para reduzir as barreiras tarifárias e não-tarifárias que ainda obstruem nosso comércio”, salientando que hoje “apenas 14% das exportações brasileiras para a Índia estão cobertas pelo acordo”.

Publicidade

About admin