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Antigo prédio do Dops, local de tortura e morte na ditadura militar, é tombado como patrimônio cultural

O antigo prédio no Rio de Janeiro onde operava o Departamento de Ordem Política e Social (Dops), órgão de repressão política e tortura da ditadura militar, foi oficialmente tombado como patrimônio cultural pelo governo federal. A decisão foi formalizada nesta terça-feira, 30, em publicação no Diário Oficial da União assinado pela ministra da Cultura, Margareth Menezes.

Situado à Rua da Relação, número 40, no centro da capital fluminense, o edifício que sediava a antiga Repartição Central de Polícia foi palco de incontáveis casos de tortura, abusos humanitários e execuções de presos políticos sob o regime militar instaurado em 1964. No infame “porão do Dops”, o Exército detinha e interrogava suspeitos de conspirar contra o governo ou integrar grupos comunistas nas décadas de 1960 e 1970 — com frequência, quem passava por lá não voltava a ver seus familiares antes de ser exilado ou morto pela ditadura.

O processo de tombamento do edifício já estava há pelo menos dez anos na mesa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), mas o martelo foi batido apenas no último dia 26 de novembro. Além dos conselheiros do instituto, participaram da reunião familiares dos ex-deputados Carlos Marighella e Rubens Paiva, mortos em operações ligadas ao Dops entre 1969 e 1970, e professores que foram presos políticos sob a ditadura.

‘Ainda Estou Aqui’ trouxe crimes da ditadura de volta ao foco

O tombamento do antigo Dops ocorre na esteira do sucesso de Ainda Estou Aqui (2024), longa-metragem dirigido por Walter Salles sobre a morte de Rubens Paiva, que trouxe as violações humanitárias da ditadura brasileira de volta aos holofotes. As ações começaram já no final do ano passado, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou a revisão de todas as certidões de óbito de vítimas da ditadura para incluir “violência pelo Estado” como causa oficial de morte.

Vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional em 2025, o longa rendeu à atriz Fernanda Torres um Globo de Ouro pela interpretação de Eunice Paiva, viúva de Rubens. No Brasil, a obra foi amplamente exaltada por setores de esquerda e rechaçada pela direita — a mais recente polêmica ocorreu na semana passada, quando Torres tornou-se alvo de grupos bolsonaristas após estrelar um comercial no qual rejeita a ideia de “começar 2026 com o pé direito”.

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