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Amazônia perto do colapso hídrico: desmatamento explica 75% da perda de chuvas

A Amazônia enfrenta uma estação seca cada vez mais rigorosa. Segundo estudo publicado nesta terça-feira (2) na revista Nature Communications, 75% da redução das chuvas na floresta está diretamente ligada ao desmatamento.

A pesquisa também aponta que a perda de árvores contribuiu para o aumento do calor. Desde 1985, os dias mais quentes da região aqueceram cerca de 2 °C, e 16% desse avanço se deve ao desmatamento.

Amazônia deixa de ser sumidouro de carbono

Conhecida como pulmão do planeta, a floresta amazônica absorve dióxido de carbono e ajuda a regular o clima global.

Mas décadas de derrubada de árvores e queimadas vêm revertendo esse papel: partes da floresta já emitem mais gases de efeito estufa do que absorvem.

Além disso, a Amazônia influencia os padrões de chuva regionais. Suas árvores funcionam como bombas d’água, puxando água do solo e liberando-a na atmosfera por transpiração. Essa umidade responde por mais de 40% da precipitação da região.

Efeito maior na estação seca

O levantamento analisou 29 áreas da Bacia Amazônica no Brasil, separando fatores como mudanças na paisagem, no clima e no regime meteorológico entre 1985 e 2020.

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A conclusão foi que o desmatamento causou 74% da redução das chuvas, com impacto maior nas regiões mais desmatadas.

A queda de precipitação ocorre em todas as estações, mas é mais intensa no período seco (junho a novembro).

Ciclo de fogo e destruição

A redução da chuva aumenta o risco de queimadas, prática comum na agricultura de corte e queima. Muitas vezes, esses incêndios saem do controle e destroem grandes áreas de floresta.

Em 2024, mais de 16 milhões de hectares foram devastados pelo fogo. Já no primeiro semestre de 2025, o desmatamento estava 27% maior que no mesmo período de 2024, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

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Esse processo gera um ciclo de retroalimentação: menos floresta significa menos chuva, o que aumenta a ocorrência de incêndios, que por sua vez reduzem ainda mais a cobertura vegetal.

Agricultura brasileira já sente impacto

Os efeitos não se restringem ao meio ambiente. Os maiores polos agrícolas do país ficam próximos à Amazônia e dependem das chuvas geradas pela floresta.

Em Mato Grosso, agricultores já enfrentam perdas por falta de precipitação. Em 2024, o estado passou 150 dias seguidos sem chuva.

COP30: a Amazônia no centro das negociações globais

A realização da COP30 em Belém, em 2025, coloca a Amazônia no epicentro da política climática internacional. O encontro reunirá quase 200 países para discutir como acelerar a redução das emissões e ampliar o financiamento climático.

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O novo estudo reforça a centralidade da floresta nesse debate. A perda de chuvas e o risco de colapso do ciclo hidrológico amazônico não são apenas questões regionais, mas ameaçam a estabilidade agrícola, energética e climática de todo o planeta.

O Brasil chega à conferência sob pressão para mostrar resultados concretos no combate ao desmatamento.

Embora os índices tenham caído em alguns anos recentes, o avanço registrado em 2025 acende alertas. O país precisa provar que pode conciliar produção agrícola e preservação ambiental, algo que será cobrado pelos parceiros internacionais.

A COP30 também é uma oportunidade de reposicionar o Brasil como líder na proteção das florestas tropicais, em parceria com países da Bacia do Congo e do Sudeste Asiático.

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Essas nações controlam os maiores blocos de vegetação nativa do mundo e têm reivindicado mais financiamento internacional para manter suas florestas de pé.

No centro das negociações estarão duas questões:

Financiamento climático — quanto os países ricos estão dispostos a transferir para apoiar a preservação da Amazônia e a transição econômica na região.

Novas metas de descarbonização — que precisarão incorporar o papel das florestas, não apenas da redução de combustíveis fósseis.

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Ao sediar a conferência, o Brasil tem a chance de transformar a Amazônia em ativo estratégico, mostrando que proteger a floresta é também proteger a economia global contra crises de alimentos, energia e clima.

Mas a distância entre o discurso e a prática será testada diante do mundo em Belém.

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