Um grupo crescente de países intensificou nesta semana na COP 30 o apelo para a elaboração de um “mapa do caminho” para o abandono gradual dos combustíveis fósseis.
A iniciativa conta com apoio expressivo da Alemanha, Reino Unido, Colômbia e Quênia, que defendem que a conferência aprove um mecanismo voluntário para guiar a transição energética global.
Em painel realizado no Pavilhão Brasil, representantes dessas nações sublinharam a urgência de dar corpo ao compromisso assumido na COP28 (Dubái) e viabilizar uma rota que permita uma saída justa dos fósseis.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente brasileiro, o presidente Lula já mencionou a necessidade de “mapas do caminho” para reduzir a dependência de petróleo, gás e carvão em seus discursos na cúpula.
Carsten Schneider, ministro do Meio Ambiente da Alemanha, afirmou que é essencial incluir essa proposta no texto final da COP. “Precisamos aprender uns com os outros e conduzir a transição de forma cooperativa”, declarou.
Autoridades do Quênia, país ainda fortemente dependente de combustíveis fósseis, reforçaram a necessidade de que a transição seja socialmente justa, garantindo acesso à energia para populações vulneráveis.
Já o Reino Unido, por meio de seu representante, apontou que a coalizão reúne nações de Norte e Sul.
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Pressões externas e críticas
Organizações da sociedade civil, porém, alertam que o rascunho inicial da proposta da presidência da COP é fraco. Além disso, mais de 250 cientistas de 27 países assinaram carta dirigida ao presidente Lula pedindo que a COP30 avance de fato na agenda de eliminação dos fósseis.
Contexto mais amplo
Especialistas apontam que a pressão para uma rota concreta de abandono dos fósseis nunca esteve tão forte.
Após a COP28, em 2023, quase 200 países acordaram em texto oficial a “transição para longe dos combustíveis fósseis”, mas sem prazos claros.
Segundo reportagem do Financial Times, cerca de 1.600 representantes da indústria de petróleo e gás estão presentes na COP30, o que evidencia uma resistência significativa.
Relatórios recentes também alimentam a urgência: segundo o Le Monde, grandes nações produtoras planejam aumentar sua produção de combustíveis fósseis até 2030, muito além do que seria compatível com as metas do Acordo de Paris.
Desdobramentos na COP30
Em paralelo às discussões sobre fósseis, líderes da COP30 destacaram ações sobre gases de efeito estufa não-CO₂.
Em cúpula organizada por Brasil, Reino Unido e China, foi lançada uma iniciativa para reduzir emissões de metano, incluindo a criação de unidades nacionais para poluentes fortes e a mobilização de um fundo de US$ 150 milhões.
O resultado das negociações sobre o roadmap dos fósseis pode ser decisivo para determinar se a COP30 será lembrada como um momento de virada significativo.
As decisões finais devem constar no documento oficial, cujo teor é aguardado com tensão por governos, ativistas e cientistas.
