O ambientalista, político, jornalista e escritor Alfredo Sirkis, que morreu num acidente de carro em julho de 2020, foi homenageado pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) com a Medalha Tiradentes post mortem. Proposta pelo deputado Carlos Minc (PSB), ela foi entregue durante um evento na Casa, na noite de quinta-feira, com a participação de parentes, amigos e personalidades, como Gilberto Gil. “Essa medalha é uma forma de Sirkis estar sempre conosco em sua trajetória, suas ideias, seus livros e todas as histórias que lembramos dele”, afirmou Minc. A honraria, a maior da Alerj, foi recebida pelos filhos, Guilherme e Ana, e pela viúva, Ana Boreli.

Gil falou no plenário sobre o amigo: “Além da saudade que se manifesta em tantos momentos, quando, por alguma razão, seu nome é citado, seu trabalho lembrado ou suas ações recordadas, a memória de Alfredo permanece viva entre nós. Dentro desse vasto campo de realizações que ele nos deixou e que construiu conosco, segue existindo essa obra imensa, continuamente produzida por todos nós”. O jornalista Fernando Gabeira disse que Sirkis contribuiria muito com a pauta ambiental agora com a COP 30. “Além dos projetos, ele gostava de botar a mão na massa. Então, a memória do Alfredo vai sobreviver nas coisas que ele fez”, declarou.
No Rio, Sirkis construiu uma trajetória longa em defesa do verde. Foi ele quem criou a Secretaria de Meio Ambiente e colocou em prática o programa do Mutirão de Reflorestamento das encostas. Também encabeçou a criação de parques e ciclovias, como lembrou a ex-deputada Aspásia Camargo.
Luta pela democracia
Sirkis morreu num acidente de carro no Arco Metropolitano, no dia 10 de julho de 2020, enquanto estava a caminho um de um sítio em Morro Azul, em Paulo de Frontin, onde visitaria a mãe, Liliana. Filho único, ele tinha 69 anos. Sirkis entrou na vida política através do movimento estudantil. Integrou manifestações contra a ditadura militar e fez parte do grupo Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), envolvido em sequestros de diplomatas. Em 1971, acabou indo para o exílio, passando por Chile, Argentina e Portugal. Retornou em 1979, com a Lei de Anistia.
No ano seguinte, lançou “Os Carbonários”, ganhador do Prêmio Jabuti. Foi um dos fundadores do Partido Verde, pelo qual concorreu à presidência da República em 1998. Nos seus últimos anos, mergulhou intensamente no debate sobre as mudanças climáticas.