O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes disse neste sábado, 19, que o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro intensificou as condutas ilícitas com postagens e ataques a ele ao STF, após a busca e apreensão na casa do pai, Jair Bolsonaro. O parlamentar é investigado no tribunal pelos crimes de coação, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
O ministro se pronunciou em um despacho anexado ao inquérito. “Após a adoção de medidas investigativas de busca e apreensão domiciliar e pessoal, bem como e imposição de medidas cautelares em face de Jair Messias Bolsonaro, o investigado Eduardo Nantes Bolsonaro intensificou as condutas ilícitas objeto desta investigações, por meio de diversas postagens e ataques ao Supremo Tribunal Federal nas redes sociais”, disse Moraes.
Moraes anexou no despacho os links de ataques feitos por Eduardo Bolsonaro
Alexandre de Moraes anexou links de três ataques que Eduardo Bolsonaro fez a ele e ao STF nas redes sociais. Em um deles, o deputado publica uma fotografia do ministro com o chapéu do personagem Mickey Mouse, o ratinho. “Talvez o Moraes não sabe se o Filipe Martins foi ou não aos EUA, mas agora todo mundo sabe que o Moraes não vai!”, escreveu Eduardo Bolsonaro, fazendo referência ao ex-assessor da Presidência, Filipe Martins, que foi preso por ordem de Moraes, e à decisão do governo dos Estados Unidos de suspender os vistos de entrada de ministros do Supremo.
Outro link é de uma entrevista que Eduardo Bolsonaro concedeu a uma emissora de televisão internacional, no qual faz críticas à decisão de Moraes de impor restrições judiciais a Jair Bolsonaro. Uma das restrições de Jair Bolsonaro é de se comunicar com Eduardo Bolsonaro. Na entrevista, o deputado classificou a decisão do ministro de “repugnante”.
O mais forte ataque do deputado ao ministro, no entanto, foi uma nota redigida por Eduardo, que também teve o link publicado na decisão do ministro. “Recebi com tristeza, mas sem surpresa, a notícia da invasão da Polícia Federal à casa do meu pai nesta manhã. Há tempos denunciamos as ações do ditador Alexandre de Moraes – hoje, escancaradamente convertido em um gângster de toga, que usa o Supremo como arma pessoal para perseguições políticas”, escreveu o deputado.
Após assinar seu despacho, o ministro determinou juntada aos autos das postagens e entrevistas realizadas pelo investigado Eduardo Bolsonaro. Após a juntada pela Secretaria Judiciária, o ministro determinou que o inquérito seja encaminhado à Procuradoria-Geral da República para manifestação. A PGR tem a atribuição de apresentar denúncias contra os investigados.