Após a Alemanha acusar a Rússia de uma campanha de ataques “híbridos” ameaçadores contra o país, o Ministério das Relações Exteriores comunicou nesta sexta-feira, 12, que o embaixador russo em Berlim foi convocado pelo governo. A medida, no balé diplomático, indica insatisfação profunda da administração alemã com políticas ou ações de Moscou.
Autoridades alemãs afirmaram recentemente que há crescentes evidências de atividades coordenadas por parte do Kremlin com o objetivo de minar a estabilidade interna da Alemanha, a exemplo de um ciberataque contra a autoridade de tráfego aéreo nacional, em agosto de 2024, atribuído ao grupo de hackers russos “Fancy Bear“. O Ministério das Relações Exteriores disse ainda haver indícios de tentativas russas de influenciar eleições no país.
“A Rússia, portanto, representa uma ameaça muito concreta à nossa segurança”, disse um porta-voz da pasta. “Nossos resultados de inteligência mostram que o serviço de inteligência militar russo, o GRU, foi responsável pelo ataque (em agosto de 2024)“, acrescentou.
Em outro caso, Berlim afirmou ter certeza de que a Rússia tentou, por meio do grupo de propaganda “Tempestade 1516”, que cria e dissemina desinformação online, promover os interesses do governo russo dentro de território alemão. O grupo, ativo desde 2024, é conhecido por tentativas de influenciar eleições em países ocidentais. No caso da Alemanha, afirmou o mesmo porta-voz, o objetivo era “influenciar tanto a eleição federal mais recente quanto, de forma contínua, os assuntos internos da República Federal da Alemanha e desestabilizar o país”.
Na Alemanha, a campanha concentrou-se, em parte, no então candidato a chanceler pelo Partido Verde, Robert Habeck, e em Friedrich Merz, da União Democrata-Cristã (CDU), de centro-direita, que ganhou a eleição e tornou-se chanceler. Dois dias antes do pleito, em fevereiro, o governo afirmou que suas agências de segurança identificaram um esforço de desinformação russo com vídeos falsos alegando que a votação seria manipulada.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores concluiu o comunicado dizendo que as ações de Moscou representam uma “ameaça muito concreta à nossa segurança”, não apenas por meio da guerra contra a Ucrânia, mas também com atividades dentro da Alemanha. Ele completou que Berlim, em coordenação com parceiros europeus, tomaria uma série de contramedidas para responder às “operações híbridas” russas.