O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) disse nesta segunda-feira, 29, que o governo está “otimista” com a reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump. Alckmin informou que data, formato e local do encontro ainda não foram definidos, mas afirmou que a bilateral é “um passo importante para podermos avançar”, destacando que o Brasil tem “201 anos de parceria e amizade com os EUA”.
“Estamos otimistas. Conversas vêm de alguns meses. Há 15 dias, teve a Ordem Executiva dos EUA que colocou tarifa zero para celulose e ferro níquel. (…) Com esse bom encontro, como disse o presidente Trump, acho que teremos novos passos. Temos bons argumentos, porque o Brasil não é problema para os EUA”, adiantou ele em entrevista à rádio CBN Vale.
Em julho, o republicano anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros em retaliação à “caça às bruxas”, como definiu, ao ex-presidente Jair Bolsonaro, recém condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelo envolvimento na trama golpista. Na ocasião, Trump também sancionou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, através da Lei Magnitsky, usada para punir estrangeiros acusados de violações graves de direitos humanos ou de corrupção em larga escala.
Alckmin disse que os argumentos do Brasil são “favoráveis”. Ele apontou que “os Estados Unidos têm déficit com o mundo inteiro”, mas “têm superávit” com o Brasil, acrescentando: “Para vender produto aqui no Brasil, a tarifa é 2,7%. Este ano, a venda americana para o Brasil até agora, a média relativa ao ano passado, cresceu 11%. Então, o Brasil não é problema, é solução”.
“É um ganha-ganha. É isso que se deseja, estamos confiantes de que terá uma boa conversa entre o presidente Lula e o presidente Trump e que isso possa destravar ainda para a gente avançar mais”, acrescentou.
+ Governo Trump anuncia tarifas de 100% sobre filmes feitos fora dos EUA
‘Química excelente’
Ao final de uma parte improvisada em seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, Trump contou na última terça-feira, 23, que encontrou com Lula rapidamente e que ambos concordaram em um encontro.
“Estava andando e o líder do Brasil também estava andando. Ele me olhou, eu o olhei, e nos abraçamos”, disse. “Concordamos que vamos nos encontrar na próxima semana, não tivemos muito tempo para falar. Algo como 20 segundos. Mas conversamos e concordamos em nos encontrar”, afirmou o republicano, destacando que os dois tiveram uma “química excelente”, o que é “um bom sinal”.
Apesar do tom relativamente amistoso, ele ressaltou que o Brasil enfrenta tarifas “em resposta aos esforços sem precedentes de interferir nos direitos e liberdades de nossos cidadãos americanos, com censura, repressão, corrupção judicial, e mirando críticos políticos”.
“Como presidente, vou sempre defender nossa soberania nacional e o direito de cidadãos americanos. Sinto muito em dizer que o Brasil está indo mal e vai continuar indo mal. Eles só podem ir bem se estiverem trabalhando conosco”, disse.
