A temporada de Grand Slams está oficialmente encerrada com o fim do US Open neste domingo, 7. Para a surpresa de poucos, a final masculina de simples foi decidida entre Jannik Sinner e Carlos Alcaraz. O espanhol se saiu melhor na terceira decisão entre eles pelos 2000 pontos. Faltam argumentos para negar a dominância da dupla que venceu todos os Majors de 2024 e 2025. A final no Arthur Ashe Stadium carregava mais do que uma ‘simples’ vitória, e serviu de testamento da nova hegemonia no tênis.
Por 3 sets a 1, Alcaraz se tornou bicampeão em Flush Meadows e de quebra voltou ao topo do ranking da ATP. O líder anterior era justamente seu adversário do outro lado da quadra. Sinner defendia o título em Nova York e precisava ter campanha melhor que o espanhol para continuar na ponta, mas foi superado com ‘facilidade’.
É inevitável não recuperar na memória recente, a epopeia entre os dois em Roland Garros. Em 5h29min, Alcaraz salvou três match points de Sinner e virou um 2 sets a 0 na final mais longa da história do torneio parisiense. Mas, mesmo no universo à parte em que jogam os dois, há espaço para um tênis mais acessível, se é que se pode descrever como tal. Em Wimbledon, o italiano se vingou, em um 3 a 1 tranquilo, comparado à final no saibro, e o placar se repetiu nas quadras azuis de Nova York, com a bola caindo à favor do espanhol.
A conclusão, entretanto, foge dos placares e recordes, e reside no andar superior em que estão os dois. Alcaraz chegou à final sem perder um set sequer. Sinner, apesar de perder duas parciais contra Shapovalov e Auger-Aliassime, pouco sofreu, sem precisar de tie-breaks. Na lente maior, são quatro Grand Slams para cada em apenas dois anos, ou seja, os oito que foram disputados. O italiano foi bicampeão do Australian Open, e o espanhol em Roland Garros; em Wimbledon e no US Open se revezaram no topo do pódio.
Quem irá pará-los?
A nova dupla dominante sucede o protagonismo do chamado Big Four, de Roger Federer, Rafael Nadal, Andy Murray e Novak Djokovic. Este último, é o remanescente e o único que se provou como ameaça sólida à hegemonia da nova geração. O sérvio de 38 anos chegou a todas às semifinais de Grand Slam no ano, feito que apenas Sinner, que alcançou todas as finais, também fez. Alcaraz ficou para trás justamente no Australian Open, quando caiu diante de Djoko nas quartas de final.
A montanha, no entanto, cresceu. Do Major australiano para cá, o dono de 24 Grand Slams perdeu, em sets diretos nas semifinais de Roland Garros e Wimbledon para Sinner, e do US Open para Alcaraz. Em Melbourne, foi derrotado por W.O. por Zverev, após sentir uma lesão. O próprio Djokovic reconhece o nível dos adversários: “Perdi três dos quatro Grand Slams em semifinais contra esses caras, então eles são simplesmente bons demais, jogando em um nível realmente alto. Melhor de cinco torna muito, muito difícil para mim enfrentá-los, principalmente se for na reta final dos Grand Slams”, disse o sérvio após cair para o espanhol em Nova York.
De olho na nova geração, o retrospecto também não coloca nenhum obstáculo no caminho de Sinner e Alcaraz. O italiano fez a semifinal do US Open contra o surpreendente Felix Auger-Aliassime, que arrancou um set do adversário, mas pecou nos momentos decisivos e viu o então número 1 do ranking ter mais sorte que juízo na Arthur Ashe.
Alexander Zverev seria uma escolha óbvia para disputar diretamente com a dupla, afinal é o terceiro do mundo. Mas o alemão sofre da fama de não ter Grand Slams, e desliza nas grandes decisões. Finalista do Australian Open deste ano, Sascha, apelido de Zverev, foi superado por 3 a 0 sem ameaças contundentes a Sinner.
Taylor Fritz, Ben Shelton, Lorenzo Musetti serão fortes concorrentes pelos próximos anos, mas também sem triunfos contra a dupla nos últimos dois anos. Dimitrov abriu 2 a 0 em Wimbledon contra Sinner, mas viu a vitória escapar com uma lesão que o tirou do circuito. Bublik, que venceu o italiano nas gramas de Halle, perdeu por triplo 6/1 no US Open. Draper e Rune têm vitórias contra Alcaraz, mas sofrem com lesões e campanhas inconsistentes ao longo do ano.
Aos brasileiros há esperança, mas antes da celebração tem de vir a paciência. “A expectativa é que a próxima estrela seja mais jovem, alguém como João Fonseca, que completou 19 anos recentemente e, compreensivelmente, ainda está aprendendo o jogo”, escreveu o site The Athletic.