O cinema brasileiro volta a chamar a atenção no exterior. O longa “Ainda estou aqui”, de Walter Salles, foi indicado ao prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira na 38ª edição do Golden Rooster, considerado o mais prestigiado de cinema da China.
O reconhecimento consolida a trajetória do longa-metragem, lançado em maio nas salas chinesas e que, desde então, vem despertando interesse entre público e críticos locais. Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, o filme acompanha a história real de Eunice Paiva, viúva de Rubens Paiva, desaparecido durante a ditadura militar nos anos 1970.
Na China, o filme tem sido objeto de debate acadêmico. Fan Xing, professora associada da Universidade de Peking, afirmou que a produção “reúne o mais talentoso cineasta brasileiro, com rara sinceridade em sua narrativa de violência, medo e morte, ao mesmo tempo em que retrata uma figura feminina grandiosa e cheia de força de vida”.
O interesse chinês pelo cinema brasileiro não é novo. Filmes como “Central do Brasil”, (que mantém nota 8,7 na Douban, uma das principais plataformas de crítica do país), e “Tropa de Elite” (com 8,1) já conquistaram o público local. A indicação atual, contudo, representa um passo além: o reconhecimento formal da comunidade profissional chinesa, que vê no cinema brasileiro um valor artístico capaz de dialogar com sua própria indústria.
Criados em 1981, no Ano do Galo, os Golden Rooster Awards são organizados pela Federação Chinesa de Círculos Literários e Artísticos (CFLAC) e pela Associação de Filmes da China (CFA). O júri é formado por especialistas do setor e os vencedores são decididos por votação.
Além do representante brasileiro, concorrem na mesma categoria “F1: O Filme” (EUA), “Here” (EUA), “C’è ancora domani” (Itália) e “Como ganhar milhões antes que a avó morra” (Tailândia). A cerimônia de entrega ocorrerá entre 11 e 15 de novembro, durante o Festival Internacional de Cinema Golden Rooster e Hundred Flowers, na cidade de Xiamen, província de Fujian, no sudeste chinês.