O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, sugeriu nesta sexta-feira, 18, que a adesão da Ucrânia à União Europeia (UE) só ocorrerá após 2034 para não afetar as metas econômicas do bloco. Kiev solicitou formalmente a entrada na UE em fevereiro de 2022, logo após ter sido invadida pelas tropas russas. O governo ucraniano, no entanto, precisa atender a uma série de condições para se tornar um membro do grupo europeu — processo que pode levar “vários anos”, segundo o líder alemão.
“Para nós, a maior prioridade absoluta é, antes de tudo, fazer todo o possível para acabar com esta guerra”, disse Merz, após uma reunião com o presidente da Romênia, Nicușor Dan, em Berlim. “Depois falaremos sobre a reconstrução da Ucrânia… Mas isso levará vários anos… Provavelmente nem afetará as atuais perspectivas financeiras de médio prazo da UE.”
A declaração contraria as expectativas da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Em fevereiro, ela afirmou que a Ucrânia pode aderir à UE antes de 2030, desde que mantenha o ritmo e a qualidade das reformas necessárias para a entrada. A declaração foi feita durante uma coletiva de imprensa em Kiev, no aniversário de três anos da guerra, em meio à crescente incerteza sobre o futuro do conflito.
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“Aprecio profundamente a vontade política demonstrada. Se a Ucrânia continuar nesse ritmo e com essa qualidade, é possível que a adesão ocorra antes de 2030”, afirmou ela na ocasião. O presidente do Conselho Europeu, António Costa, reforçou que a entrada da Ucrânia no bloco representaria a principal garantia de segurança para o país.
As reformas para atender aos padrões da UE envolve uma série de questões, desde combate à corrupção, regulamentação da agricultura e até regras alfandegárias. A guerra, no entanto, acrescenta camadas extras de dificuldades para implementação e mudanças.
Desde 2019, a Ucrânia incorporou em sua Constituição o objetivo de aderir tanto à União Europeia quanto à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), principal aliança militar ocidental. O desejo de ingressar na Otan, contudo, teria sido um dos fatores que levaram ao conflito com a Rússia, com Moscou alegando que a expansão até suas fronteiras ameaçava sua segurança nacional.