“Não podemos apoiar nenhum tipo de sanção por parte de nações estrangeiras dirigida a membros de qualquer Poder constituído da República”, afirmou Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, em comunicado divulgado nesta quarta-feira (30/7). Acrescentou: “Isso vale para todos os parlamentares, membros do Executivo e ministros dos Tribunais Superiores.”
Poderiam ser apenas duas frases inócuas somando 38 palavras, numa reafirmação do óbvio ululante que é o dever dos servidores públicos de obediência à Constituição. No entanto, a menção ao colaboracionismo com governo estrangeiro para ataque ao país foi entendida por parlamentares como mensagem com endereço certo: o deputado Eduardo Bolsonaro, eleito pelo Partido Liberal de São Paulo. Ele defende as sanções impostas por Donald Trump ao Brasil, supostamente a pretexto de proteção do pai que enfrenta julgamento por crimes constitucionais, entre eles tentativa de golpe de estado.
A referência de Motta, acham alguns deputados, indica celeridade no caso do filho de Jair Bolsonaro. No Congresso e no governo ele tem sido acusado de traição à pátria e está sob risco de perda do mandato. Lula tem se repetido na denúncia em discursos, mas sem citá-lo. A Procuradoria-Geral da República mantém inquérito específico.
A disposição do presidente da Câmara sobre esse caso será testada a partir da próxima semana, na reabertura do Congresso. Como o pai, o deputado Bolsonaro se mantém em delinquência contínua, sempre amparado no espírito de corpo parlamentar.
É possível que, agora, tenha tropeçado num limite, porque, como sugere a nota de Motta, nenhum parlamentar quer associar sua imagem à de “traidor da pátria”. Não é bom para reeleição, entre outras razões. Aos 41 anos de idade, Eduardo Bolsonaro se tornou um político marginalizado pelo potencial radioativo.