Jornalistas costumam ser céticos e sempre esperar a próxima bomba, mesmo nos momentos mais otimistas. Nem que seja por poucas horas, hoje não é dia de fazer isso. Hoje é dia de comemorar como Donald Trump arrastou dois rivais mortais em direção de um acordo para acabar com o conflito em Gaza, eliminar o controle do Hamas sobre o território devastado por sua própria culpa, libertar os reféns e, mais ambiciosamente, criar um novo Oriente Médio onde os horrores acirrados a partir de 7 de outubro, não possam se repetir.
Benjamin Netanyahu também merece elogios: muitos disseram e juraram que ele nunca aceitaria retirar as tropas israelenses de Israel sem neutralizar completamente o Hamas. Isso agora, será feito pelos mecanismos do grande acordo – um prodígio quase inacreditável.
O homem execrado como um radical que boicotava acordos para soltar os reféns, viu as vantagens do acordo – além, obviamente, de sofrer uma nada sutil pressão dos Estados Unidos, o único país em condições de arrastar Israel para um acordo.
As dificuldades, evidentemente, são tectônicas. Irão os palestinos simplesmente mudar o modo de pensar, aceitar Israel e concordar com um acordo de paz que tire da mesa os extremistas que sonham varrer Israel do mapa?
As duas partes sofreram em quantidades bíblicas. Israel, com a perda de 1,2 pessoas mutiladas, chacinadas, estupradas e assassinadas em um único dia. O sofrimento em Gaza também atingiu proporções bíblicas. Travar uma guerra de guerrilha com um inimigo bem armado e com total conhecimento do terreno foi um desafio que causou isolamento internacional de Israel e destruiu a imagem do país.
“Que todos nós sejamos inscritos no livro da vida”, disse Netanyahu, em hebraico, ao final de suas declarações.
E que as inscrições frutifiquem e tragam tempos melhores para todos.