Mauro Cid teve tudo para acabar como outros tantos que seguiram cegamente Jair Bolsonaro em sua aventura golpista.
Mero ajudante de ordens de um presidente da República, o tenente-coronel entrou para a crônica policial como uma espécie de faz tudo do ex-mandatário. Seu celular guardava segredos que renderam a Bolsonaro 27 anos e 3 meses de prisão.
Segundo a denúncia da PGR, Cid planejou, participou, organizou muitos lances do golpe. Estava nos grupos de WhatsApp e nas reuniões, estava em praticamente tudo, inclusive na torcida pelo fim da democracia. Fez, viu e ouviu muita coisa.
Foi o único também que não se importou em trair o “mito”. Com o pai, a mulher e uma filha enrolados nas investigações, ele atirou Bolsonaro aos leões e fez o que se espera de todo criminoso arrependido: entregou seus comparsas em troca de escapar da prisão.
Nesta segunda-feira, Cid tirou a tornozeleira e foi ao STF para praticamente concluir seu grande objetivo: escapar da cadeia. Com todo o tempo cumprido de prisão até aqui, ele já tem “créditos” para escapar de qualquer punição. A liberdade, portanto, é questão de tempo.
Cid começa, portanto, uma vida nova justamente no momento em que Bolsonaro se prepara para marchar ao esquecimento, com a decretação definitiva de sua prisão para o cumprimento da pena por liderar a trama golpista. São dois personagens contrastantes nesse caso.