Esta coluna sempre defendeu que Lula nomeasse mulheres para as vagas abertas nos tribunais superiores. Havia duas vagas no STJ. Apesar de várias mulheres terem condições de assumirem as cadeiras, Lula só nomeou uma, a procuradora Maria Marluce Caldas, do Ministério Público de Alagoas.
Agora no tribunal, a grande responsabilidade dela é provar que sua nomeação não atendeu tão somente ao troca-troca fisiológico, mas se deve à sua robustez jurídica e ao seu compromisso com a causa feminina, bandeira, inclusive, da gestão petista. A ministra fará isso se defender, pública e explicitamente, a nomeação de mulheres para as próximas vagas e se mantiver coerência em suas decisões.
A cobrança sobre Marluce decorre do arranjo por trás de sua nomeação. O irmão dela é o ex-deputado João Caldas, pai do atual prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, ambos aliados de Arthur Lira (PP-AL). Eles teriam prometido a Lula que, caso Marluce fosse escolhida, sairiam do PL, sigla bolsonarista. Também assumiram o compromisso de que o prefeito não disputará o governo de Alagoas, deixando o caminho livre para o candidato lulista, Renan Filho (MDB).
A dupla ainda não cumpriu as promessas.
Está no Ministério Público de Alagoas (instituição de origem de Maria Marluce) um pedido de investigação do aporte de cerca de R$ 118 milhões feito pelo Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Maceió (Iprev) em ativos de alto risco do Banco Master, sem cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
É grande, portanto, a responsabilidade da ministra em demonstrar para o Brasil que sua nomeação atende a critérios jurídicos e também ao necessário rompimento com o machismo que predomina no Judiciário.