Todos os governadores de direita e de centro-direita que ambicionam herdar o espólio eleitoral à direita para se credenciarem como presidenciáveis em 2026 se manifestaram contra a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro e a reiteração de proibição do uso de redes sociais pelo ex-presidente, ambas determinadas na segunda-feira, 4, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Eduardo Leite (PSD), governador do Rio Grande do Sul, foi às redes para criticar o cerceamento de manifestação imposto ao ex-presidente, e afirmou que o país não pode continuar sofrendo os efeitos da polarização política.
“Não gosto da ideia de um ex-presidente não poder se manifestar, e gosto menos ainda de vê-lo ser preso por isso, antes ainda de ser julgado pelo órgão colegiado da Suprema Corte”, publicou o mandatário, assinalando não querer fazer um julgamento legal ou jurídico, mas sim político. “De cinco presidentes eleitos após a redemocratização, apenas Fernando Henrique não foi preso ou sofreu impeachment. Nosso país não merece seguir refém desse cabo de guerra jurídico-político que só atrasa a vida de todos há anos”, prosseguiu o ex-tucano.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), também saiu em defesa de Bolsonaro, afirmando que o ex-presidente está sendo condenado antes mesmo do fim de seu julgamento. “Se um cidadão não pode se manifestar publicamente em sua defesa, é porque o veredito está dado. Isso é grave, ainda mais se observarmos um processo que começou errado, quando o STF definiu pelo julgamento do ex-presidente em uma Câmara e não pelo Pleno da Suprema Corte”, declarou. Assim como Leite, Caiado também preconizou pela busca de “equilíbrio e pacificação” na política. “O Brasil exige mudança, com uma liderança que tenha autoridade moral e seja capaz de dialogar com todos os Poderes”, prosseguiu o mandatário, que é pré-candidato à Presidência em 2026.
Na tarde desta terça-feira, 5, Caiado anunciou que o União decidiu adotar “obstrução total” contra todas as pautas da Câmara e do Senado, aparentemente tendo como justificativa a crise envolvendo a imposição de tarifas adicionais pelo governo do presidente Donald Trump a vários setores produtivos que exportam para os Estados Unidos. Ele também criticou a prisão de Bolsonaro.
Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, foi um dos primeiros a prestar apoio ao ex-capitão, na noite de segunda, 4. Em vídeo publicado nas redes sociais, ele disse que a ordem prisional é um “absurdo” e reforçou a narrativa bolsonarista de perseguição política, afirmando que o ex-presidente “foi condenado e julgado muito antes de tudo isso começar”. O governador é cotado para representar Bolsonaro nas urnas pelo campo da direita no ano que vem.
Os também presidenciáveis Ratinho Jr. (PSD), do Paraná, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, endossaram o discurso de condenação da prisão domiciliar imposta ao ex-presidente.
“Não será com ativismo, seja de qualquer parte, que iremos construir um novo país. Devemos buscar o equilíbrio, o fortalecimento das nossas instituições e, sobretudo, a harmonia dos Poderes, respeitando o que está na Constituição”, publicou o paranaense.
“Mais um capítulo sombrio na história de perseguição política do STF (…) É a democracia do silêncio. A democracia do medo”, escreveu Zema.