Um dia depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que Israel concordou com termos de um cessar-fogo de 60 dias em Gaza, o primeiro-ministro de Israel, Netanyahu, fez sua primeira fala sobre o tema, nesta quarta-feira, 2, afirmando que “não haverá mais Hamas”.
Em paralelo, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, destacou que Israel concordou com o cessar-fogo e que há apoio majoritário no governo “para uma estrutura para a libertação de reféns”. Ao todo, 50 reféns israelenses seguem em Gaza, segundo o governo israelense.
Nesta quarta, o grupo militante palestino Hamas disse estar aberto a um acordo, mas não chegou a aceitar uma proposta apoiada pelos Estados Unidos, batendo numa tecla que foi fonte de impasse ao longo das negociações via mediadores, interrompidas desde março: qualquer acordo deve por fim definitivo à guerra em Gaza.
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A agência de notícias The Associated Press reportou que o representante do Hamas, Taher al-Nunu, disse que o grupo está “pronto e sério em relação a chegar a um acordo”. Uma delegação do Hamas deve se reunir com mediadores do Egito e do Catar no Cairo nesta quarta-feira para discutir a proposta, de acordo com uma autoridade egípcia.
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Trump afirmou na terça-feira, 1º, que Israel concordou com os termos de um cessar-fogo de 60 dias em Gaza e pediu que o Hamas também aceite o acordo.
“Meus representantes tiveram uma reunião longa e produtiva com os israelenses hoje sobre Gaza. Israel concordou com as condições necessárias para finalizar o cessar-fogo de 60 dias, durante o qual trabalharemos com todas as partes para encerrar a guerra”, escreveu ele em seu perfil na Truth Social, sua rede social.
Segundo o presidente americano, a proposta final será apresentada pelo Egito e pelo Catar, que atuaram como mediadores do acordo. “Espero, para o bem do Oriente Médio, que o Hamas aceite este acordo, porque ele não vai melhorar — SÓ VAI PIORAR”, alertou.
O governo dos Estados Unidos se reuniu nesta terça com o ministro israelense de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer. Trump deve receber o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca na próxima segunda-feira. O republicano vem pressionando o governo israelense e o Hamas para negociar um cessar-fogo e um acordo sobre os reféns.
No domingo, Trump exigiu o fim da guerra, que se arrasta há vinte meses. “Fechem o acordo em Gaza, resgatem os reféns”, escreveu nas redes.
Retorno à mesa de negociações?
Uma autoridade do Hamas afirmou à agência de notícias Reuters nos últimos dias que qualquer progresso depende de Israel – e que o país precisa concordar em encerrar a guerra e retirar suas forças de Gaza completamente. Tel Aviv, porém, afirma que só poderá pôr fim ao conflito quando o grupo palestino for desarmado e desmantelado. O Hamas se recusa a depor as armas.
A guerra começou quando combatentes do Hamas invadiram Israel em 7 de outubro de 2023, mataram 1.200 pessoas, a maioria civis, e levaram 252 reféns de volta para Gaza em um ataque surpresa.
A resposta militar israelense matou quase 57 mil palestinos, a maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, deslocou quase toda a população de 2,3 milhões de pessoas e mergulhou o enclave em uma crise humanitária. Mais de 80% do território é agora uma zona militarizada por Israel ou está sob ordens de retirada, de acordo com as Nações Unidas.