No primeiro dia do julgamento da trama golpista, um político cassado e agora advogado resolveu fazer uma provocação não só à corte, mas também aos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino.
Essa foi a impressão compartilhada por colegas de toga dos magistrados e até pelo corpo jurídico do Supremo Tribunal Federal com a coluna.
O personagem da provocação é o advogado do almirante Almir Garnier, ex-senador Demóstenes Torres, que gastou 21 minutos do tempo de defesa da falando da carreira dos ministros do STF.
Demóstenes, o político que, no passado, carregou a bandeira anti-cotas raciais, principal ferramenta de inclusão social e justiça das últimas décadas, lembrou o tempo em que Moraes foi secretário de segurança pública em São Paulo, ou seja, atuando num cargo político.
O ex-senador também tratou da carreira de Luiz Fux no ministério público, mas voltou para questões políticas quando praticamente leu o currículo do ministro Flávio Dino. Para o hoje advogado, o magistrado passou por todos os cargos públicos importantes do Brasil e, por ser novo, ainda pode ser presidente da República.
Essa parte em que Demóstenes discorre sobre cargos políticos trouxe um certo desconforto e o sentimento na corte de que havia ali uma provocação – provocação esta de tentar mostrar ao público de que se trata de um julgamento unicamente político.
Cassado por usar o mandato de senador para favorecer o bicheiro Carlos Cachoeira, ele ainda usou sua fala para dizer que talvez seja a única pessoa no Brasil que gosta do ministro Alexandre Moraes e do ex-presidente Jair Bolsonaro.
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