Segundo a revista americana Rolling Stone, uma brasileira integra o ranking dos 25 influenciadores mais poderosos dos Estados Unidos — ainda que seja pouco conhecida em seu país de origem. A curiosa afortunada é Camilla Araujo, de 23 anos, habitante dos EUA que cresceu na internet após aparecer em um conteúdo de MrBeast, youtuber com mais de 425 milhões de inscritos, em 2021. Entre Instagram, TikTok e mais redes, ela acumula um público de 18 milhões, o que a colocou em nono lugar no ranking, calculado com base em números de seguidores, engajamento e crescimento ao longo dos últimos 365 dias. Os dados foram estipulados pela revista em parceria com a agência CreatorIQ.
“Camilla Araujo se tornou uma mestre de como viralizar”, justifica a Rolling Stone. “Ela usa a raiva como isca por meio de comentários provocativos — e uma abordagem estratégica, com base em dados, similar ao MrBeast — para abastecer seu crescimento explosivo. A ascensão reflete uma classe emergente de influenciadores da Geração Z que usam o OnlyFans como trampolim para a fama mainstream“.
Araujo se descreve como “influenciadora íntima” e tem um perfil na rede OnlyFans, conhecida pela comercialização de conteúdo adulto, onde publica material sugestivo, mas não explícito. Para além da plataforma, ela formou seu público graças a um coletivo digital chamado “Bop House“, formado por mulheres que, assim como ela, têm perfis eróticos. Juntas, as jovens se dedicam a fotos e vídeos nos quais exercem comportamento infantilizado e fazem declarações propositalmente inflamatórias. A brasileira, por exemplo, afirmou em um vídeo que teria defecado em uma jarra por 50.000 dólares, o que confirmou depois ser uma mentira deslavada: “Se fosse verdade, exigiria um milhão”, disse à New York Magazine. Em outros posts, ela questiona a importância do ensino superior e de empregos, coça as próprias genitais e faz mais menções escatológicas em busca da raiva que se converte em visualizações e comentários. Ela também promete publicar conteúdo com nudez e sexo no OnlyFans, mas não o faz. A receita rende milhões de dólares, riqueza depois ostentada em vídeos com carros de luxos, jatinhos e voos na classe executiva.
O público alvo da jovem se divide entre homens que a desejam e garotas adolescentes que a admiram. Seu comportamento apelativo é, para muitos, excessivo. Em uma publicação viral no TikTok, a influenciadora Amber Horsburgh, por exemplo, acusa a Bop House de ser um escândalo iminente por “promover a imagem de mulheres joviais atrelada a conteúdo adulto” e, consequentemente, “criar uma demanda por atrizes pornográficas à beira da menoridade”. Já a ativista antipornografia Melinda Tankard Reist entrevistou garotas de 13 anos e obteve a seguinte resposta de uma delas: “Os meninos esperam que nós sejamos iguais às garotas da Bop House“.
Em meio às polêmicas, Araujo abandonou o coletivo por diferenças criativas: ela queria transformá-lo em um império, com direito a um reality show bombástico no streaming Peacock, enquanto as colegas tinham ambições modestas. “Não posso negociar com quem não quer negociar. Estou querendo construir uma marca e criar longevidade, quero ser uma bilionária”, disse ela sem pudor à reportagem da New York. A brasileira agora tenta afastar sua imagem do grupo, mas ainda apresenta o podcast Clock It ao lado de outra integrante, Julia Filippo.
Apesar da fama controversa, a influenciadora é religiosa e diz não se orgulhar do que faz no OnlyFans, nem querer atingir um público menor de idade com o material que estrela. Com o dinheiro que ganha, ela apoia os pais imigrantes e pôde pagar pela formação do irmão mais novo. Ela ainda tem uma conta no OnlyFans brasileiro cuja receita é inteiramente destinada a sua família extensa.
@camilla Replying to @Beth Anne ♬ original sound – Camilla Araujo
Acompanhe notícias e dicas culturais nos blogs a seguir:
- Tela Plana para novidades da TV e do streaming
- O Som e a Fúria sobre artistas e lançamentos musicais
- Em Cartaz traz dicas de filmes no cinema e no streaming
- Livros para notícias sobre literatura e mercado editorial
