Apostando na nostalgia, mas ao mesmo tempo atualizando seus mais icônicos personagens, diversos filmes com galãs clássicos de Hollywood vêm ganhando nova roupagem. Um deles é Gladiador 2, lançado em 2024, que possui Paul Mescal no papel principal. O ator, com traços mais delicados que Russell Crowe, também era conhecido por papéis sensíveis, como em Pessoas Normais, Aftersun e Todos Nós Desconhecidos. Além deste, Rambo, eternizado por Sylvester Stallone, será interpretado Noah Centineo, que ganhou fama em filmes teens, como a versão jovem do personagem. E o novo James Bond está sendo disputado por Jacob Elordi, Tom Holland e Harris Dickinson. Felipe Viero, pesquisador na área de comunicação, gênero e sexualidade, professor do Departamento de Comunicação da UFMG, fala com a coluna GENTE sobre a construção dessa nova masculinidade.
“A gente fala em masculinidades, porque são variados e atravessados por múltiplos aspectos os modos como os sujeitos performam o gênero. Sujeitos brancos, heterossexuais, de classe média, por exemplo, não performam o gênero da mesma forma que um sujeito homossexual ou um sujeito negro que habita numa região periférica de uma classe mais baixa. Quando a gente fala em Hollywood, está falando de uma masculinidade atravessada por marcadores e índices globais. Algo que nessas figuras, seja no Gladiador, seja no Rambo ou no James Bond, o que aparece muito é a masculinidade que se define como hegemônica, dominante, a partir de determinada performance corporal. São sempre de sujeitos musculosos, viris e que vivenciam essa masculinidade a partir de lugares específicos. No entanto, isso vem mudando. Por exemplo, hoje a gente já tem uma possibilidade de sujeitos homossexuais em posições hegemônicas e de maior visibilidade. A gente tem também presença de sujeitos negros. O galã era figura restrita a um sujeito branco, hiper musculoso. A sociedade muda e o homem muda. E aí muda a representação no cinema, na televisão, na telenovela”.