O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), saiu em defesa das forças de segurança do Rio de Janeiro e rebateu as críticas ao alto número de mortos na operação no Complexo do Alemão e da Penha, que resultou em 121 óbitos. Em entrevista ao programa Ponto de Vista, apresentado por Marcela Rahal, o governador afirmou que o episódio “não foi uma chacina policial, mas uma reação a uma emboscada armada por criminosos fortemente equipados”.
“A morte não foi causada pela polícia. Os agentes entraram para cumprir uma ordem judicial e foram recebidos com armamento pesado. O Brasil todo viu as imagens — policiais sendo carregados, alvejados, tentando sobreviver. Eles não entraram para matar, entraram para cumprir a lei”, disse Caiado.
A aprovação popular da operação
Caiado citou a pesquisa Quaest, segundo a qual 64% dos cariocas aprovam a operação, contra 27% que desaprovam, para reforçar a tese de que a maioria da população apoia o enfrentamento direto às facções.
“O que o povo quer é paz, e a paz só vem com o cumprimento da lei. A sociedade cansou de viver sob a tutela do crime. Essa operação teve apoio porque o cidadão entende quem são os bandidos e quem está tentando libertar as comunidades deles”, declarou.
“Foi um campo de guerra”
O governador descreveu as cenas da operação como “de guerra urbana”, afirmando que as facções possuem arsenal superior ao das próprias forças de segurança.
“Poucas polícias no Brasil têm um aparato bélico como aquele usado pelos criminosos. Eles tinham drones que lançavam granadas, atiradores de elite, fuzis de precisão. Eram grupos treinados em táticas de guerrilha. A polícia entrou em vielas estreitas, completamente exposta, e mesmo assim cumpriu sua missão”, afirmou Caiado.
O governador destacou que os confrontos ocorreram em áreas de mata e regiões dominadas pelo Comando Vermelho, que, segundo ele, usa o Complexo do Alemão como centro de treinamento e comando.
“O morro do Alemão virou um local de preparação de guerrilheiros. Eles não são mais criminosos comuns — são soldados do crime, organizados, equipados e prontos para enfrentar o Estado”, disse.
‘A polícia não matou, reagiu’
Caiado rejeitou as críticas de que as forças policiais tenham agido com excesso. Para ele, a operação foi legítima e proporcional à ameaça enfrentada.
“A polícia não entrou para assassinar ninguém. Entrou para cumprir a lei e foi recebida a bala. Os criminosos transformaram o confronto em uma frente de guerra, com armamento sofisticado e táticas de isolamento. O resultado trágico é culpa da ousadia das facções, não da ação do Estado”, afirmou.
Segurança como pauta eleitoral
As declarações do governador reforçam a estratégia da ala conservadora de transformar a segurança pública no eixo central do debate político de 2026. Caiado, que desponta como um dos principais nomes da direita fora do bolsonarismo, tem tentado nacionalizar o tema, apontando a necessidade de “libertar o país das restrições judiciais que amarram a polícia”, numa referência direta à ADPF 635, do STF, que impôs limites a operações em favelas.
“A polícia representa o Estado. Quando ela é impedida de agir, quem governa é o crime. O Brasil precisa decidir de que lado está”, concluiu o governador.