Com a saída da direção geral da TV Globo, Amauri Soares vai se dedicar integralmente à gestão dos Estúdios Globo, com a responsabilidade sobre o conteúdo produzido pela emissora, incluindo séries, reality shows e programas de variedades. A sua maior missão, contudo, será retomar a excelência das novelas, produtos historicamente nobres da empresa dos Marinho. Desde que assumiu o posto, em 2023, substituindo Ricardo Waddington, o executivo tem tomado algumas decisões controversas, como o investimento em produções com pano de fundo rural. Depois do sucesso do remake de Pantanal (2022), a emissora priorizou folhetins com esta temática, como Terra e Paixão (2023) e o remake de Renascer (2024), o que não foi sinônimo de sucesso, haja vista a audiência.
A refilmagem, aliás, é outro ponto em destaque na gestão de Amauri. Além de Renascer, e depois do fracasso de Mania de Você (2024), o canal decidiu revisitar uma das maiores produções da teledramaturgia. No ar atualmente, Vale Tudo foi a grande promessa da Globo para alavancar a faixa das 9, pegando o gancho dos 100 anos do grupo. Só que o resultado ainda não veio. Até o momento, a adaptação vem acumulando mudanças sem sentido e críticas do público, além de patinar na audiência.
Mas a maior polêmica que Soares precisa repensar é o tom do conservadorismo. O todo poderoso tem sido apontado como um dos responsáveis por passar a tesoura em cenas das tramas. Um dos exemplos seria uma ordem dada para vetar o beijo entre Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztejnman) em Vai na Fé (2023), para não comprar briga com o público evangélico. Em Terra e Paixão também teria pedido para retirar um romance lésbico; e ainda foi acusado de tentar uma cura gay em Amor Perfeito (2023) – o que foi negado pela autora, Duca Rachid. Havia a promessa de que em Vale Tudo a situação seria diferente com Laís (Lorena Lima) e Cecília (Maeve Jinkings), mas até agora a máxima expressão do amor que se viu entre as duas foi um abraço. E olhe lá.
