O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano, mantendo país com a segunda taxa real de juros mais alta do mundo. No comunicado, o Banco Central enviou a mensagem ao presidente Lula e ao ministro da Fazenda Fernando Haddad: enquanto houver incertezas em relação ao controle fiscal e expectativas de inflação acima da meta, não há espaço para cortes de juros.
No texto, a autoridade monetária destacou que as expectativas de inflação para 2025 e 2026, em 5,1% e 4,4% respectivamente, continuam acima do centro da meta, e que o quadro atual “exige uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”. As expectativas de inflação no Brasil tem se mantido bastante superiores à meta desde meados de 2024. O ciclo de alta dos juros começou em setembro de 2024 e o ciclo de aperto somou 4,5 pontos percentuais. até junho.
Como vem fazendo sucessivamente em seus comunicados, o comitê também mencionou nesta quarta-feira explicitamente que os desenvolvimentos da política fiscal têm impacto direto sobre a política monetária e sobre os ativos financeiros. O Copom, diz o comunicado: “segue acompanhando como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”.
“O BC sinaliza que prefere observar os próximos indicadores antes de agir, especialmente diante da fragilidade fiscal e da volatilidade do dólar”, avalia Fábio Murad, economista e CEO da Super-ETF Educação. Para ele, a mensagem é que a manutenção dos juros elevados será a regra enquanto não houver clareza sobre o equilíbrio das contas públicas.
Harrison Gonçalves, CFA Charterholder e membro do CFA Society Brazil, diz que os riscos fiscais podem pressionar a inflação e obrigam o Copom a manter a Selic elevada. “Diferente do Fed, que tem mandato duplo, o BC brasileiro mira apenas na estabilidade de preços. E, diante da persistência inflacionária e das incertezas fiscais, os juros terão de continuar altos por mais tempo.”