Parlamentares que integram a CPI do INSS se preparam para investigar uma nova fraude contra os aposentados: empréstimos consignados não autorizados e emissão de cartões de crédito ‘fantasmas’ que resultaram em descontos irregulares nas pensões de milhares idosos.
Deputados e senadores já apresentaram uma série de requerimentos para pedir informações à rede bancária e para convocar diretores de instituições suspeitas de promover descontos na folha de pagamento dos aposentados do INSS sem a devida autorização.
“Há muitas denúncias de empréstimos consignados não autorizados e cartões fantasmas”, diz o senador Izalci Lucas (PL-DF). “Temos notícias de que algumas instituições descontaram dos aposentados empréstimos que nunca foram pedidos e nem mesmo creditados”, explica o parlamentar.
Tribunais de Justiça estão abarrotados de processos
Nos tribunais de Justiça do país, segundo ele, tramitam inúmeros processos movidos por aposentados contra instituições financeiras que descontaram das pensões mensalidades para quitação de empréstimo que nunca foram realizados.
Em São Paulo, a aposentada Angelina Emílio processa um banco por ter cobrado dela uma taxa de um cartão de crédito que ela nunca solicitou. Também em São Paulo, o aposentado Antônio José da Silva impetrou ação contra outro banco por debitar em sua conta uma taxa . Para provar que não havia irregularidade, o banco apresentou o áudio de uma ligação telefônica em que o aposentado autorizava o desconto. Ele garante que a voz não é dele.
As denúncias recebidas pela CPMI já são tantas que alguns parlamentares temem não ser possível investigar tudo. “O escopo da CPMI são os descontos associativos e os empréstimos consignados, mas já temos 360 quebras de sigilos autorizadas de pessoas físicas e jurídicas e há quase 50 pessoas que já foram convocadas ou convidadas a depor”, diz o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN).
O desconto de mensalidades associativas sem autorização dos aposentados, escândalo que deu origem à CPMI, gerou desvios superiores a 4 bilhões de reais. A comissão ainda não dimensionou o tamanho do possível rombo provocado pelos descontos irregulares de empréstimos consignado e cartões.
“As pessoas ainda não acreditam quando a gente diz que este esquema é maior do que o mensalão e o petrolão juntos”, adverte o senador Eduardo Girão (Novo-CE).