Em um evento privado de arrecadação de fundos em Nova Jersey, na última sexta-feira, 11, o ex-presidente americano Barack Obama fez duras ponderações sobre o futuro de seu Partido Democrata, segundo reportagem da emissora CNN, publicada nesta segunda-feira.
Em análise sobre a situação dos Estados Unidos sob Donald Trump, Obama afirmou que a frustração exige “um pouco menos de autoconsciência, menos ‘choramingos’ e posições fetais”, sendo preciso que “democratas simplesmente endureçam”.
Para o ex-presidente, “agora é exatamente a hora de você entrar em ação e fazer alguma coisa”.
“Não diga que se importa profundamente com a liberdade de expressão e depois fique quieto”, completou.
Os comentários de Obama se dão em meio a uma crise de identidade dentro do Partido Democrata, que sem qualquer liderança clara ainda tenta achar um caminho capaz de bater de frente com Tump.
Durante grande parte das últimas três décadas, americanos tinham uma visão positiva do Partido Democrata. A partir de 2019, a percepção do partido começou a se deteriorar. Além da falta de um conjunto coerente de princípios, o Partido Democrata perdeu sua identidade como defensor dos americanos economicamente desfavorecidos, que definiu sua agenda desde o New Deal, segundo análise de Daniel A. Cox, diretor do Survey Center on American Life.
Em 1990, quase dois terços dos americanos afirmavam que o Partido Democrata representava os interesses dos americanos pobres melhor do que o Partido Republicano. Esse número caiu para apenas 42% em 2024. Hoje, menos americanos acreditam que os democratas também representam os interesses da classe média.
A mudança também se reflete na filiação partidária. Até muito recentemente, os americanos eram mais propensos a se identificar como democratas do que como republicanos. Em 2023, pela primeira vez nas últimas décadas, a Gallup constatou que os republicanos superavam os democratas em número.