O Agente Secreto se mantém há uma semana nos cinemas brasileiros, depois de ser muito aplaudido no circuito internacional de festivais. O thriller de Kleber Mendonça Filho, que tem como plano de fundo a ditadura civil-militar no país, é estrelado por Wagner Moura, que já levou o troféu de Melhor Ator no Festival de Cannes. O seu contraponto fica a cargo do personagem de Gabriel Leone. O ator interpreta Bob, um dos criminosos à espreita de Wagner. Segundo ele, um papel enigmático, marcado por silêncios e sombras. “Uma coisa curiosa é que a gente tinha pensado que esse personagem ia usar um bigodinho. E fiquei com o bigode durante um tempo. Mas nos 45 do segundo tempo, no dia da primeira diária de filmagem, a gente decidiu que não ia ter”.
Apesar de não se usar a palavra “ditadura” durante todo o roteiro, o tema é o ponto principal para ser abordado por Gabriel. “Foram 20 anos de um período tenebroso, dos mais abomináveis da história desse país, uma ditadura que matou e terminou da forma que terminou, com uma anistia, fingindo que nada tinha acontecido. E a gente, infelizmente, viu recentemente o nosso país nessa corda bamba de novo. Com pessoas de novo questionando se houve ditadura, se houve tortura. Mais do que nunca é o momento de utilizar a arte, o cinema, para falar sobre a memória do nosso país. Nosso filme é um cinema político, mas feito de forma sofisticada. A gente vai falar sobre o clima da época, a sociedade da época. A gente nem cita a palavra ditadura durante o filme inteiro, mas está baseada nesse período”.