Com a indicação do nome do advogado-geral da União Jorge Messias para integrar o Supremo Tribunal Federal (STF), governistas e desafetos do virtual juiz da mais alta Corte do país calculam apoios e pedras no caminho do provável sucessor de Luís Roberto Barroso no Senado, Casa pela qual ele deve passar por sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e votação em plenário.
Entre as métricas utilizadas para projetar percalços à aprovação de Messias entre os senadores está a votação que reconduziu no início do mês o procurador-geral da República Paulo Gonet para mais dois anos à frente do Ministério Público da União. Ele foi aprovado por 45 votos a 26, apenas quatro a mais do que o mínimo necessário.
No caso de Messias, a avaliação é a de que, como o senador Paulo Paim (PT-RS) foi o único governista ausente na sessão que confirmou o nome de Gonet, um possível teto de Messias seria 46 votos. O patamar é suficiente para a aprovação, mas até a data da sabatina, ainda não agendada, governistas e oposicionistas estimam árduas negociações para garantir a aprovação ou rejeição do indicado.
Para além da votação de Gonet, outro fator colocado na mesa é a recente reclamação feita por ministros do STF diretamente ao presidente Lula sobre a articulação política do governo em geral e no Senado, em particular. Magistrados criticaram nominalmente Jaques Wagner, líder do governo no Senado, Randolfe Rodrigues, líder governista no Congresso, e a ministra de Relações Institucionais Gleisi Hoffmann e afirmaram que a suposta interlocução capenga do Executivo com o Congresso é uma das fontes de força do presidente do Senado Davi Alcolumbre, resumido pelos ministros do Supremo como um “resolvedor de problemas”.
No caso de Messias, no entanto, o diagnóstico em relação a Alcolumbre é outro, já que, como se sabe, o parlamentar era um dos principais defensores do nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga no tribunal.
Ex-presidente do Congresso, Pacheco era endossado também pelos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes e, depois do anúncio do nome de Messias, afirmou que tem planos de deixar a vida pública. O congressista havia participado de pelo menos dois eventos privados recentes – um jantar em homenagem a Alexandre de Moraes e o aniversário da esposa de Mendes – e discutira apoios. Lula, no entanto, manteve a preferência por Jorge Messias, que a partir de agora começa o périplo no Senado em busca de aprovação para ocupar uma cadeira na Suprema Corte.