Ao admitir que pensa mesmo em antecipar a aposentadoria no STF, o ministro Luís Roberto Barroso ampliou a disputa de bastidores que já existia em Brasília pela cadeira dele no Supremo.
Cotado para disputar o governo de Minas Gerais, o senador Rodrigo Pacheco é nome recorrente na lista de candidatos ao Supremo. Nos jantares com ministros do STF, Pacheco sempre foi acolhido com comentários de que um dia usará a toga na Corte.
Outros petistas e auxiliares de Lula também tentam se posicionar nessa disputa, embora contando com menos admiração de ministros do Supremo.
A aposentadoria de Barroso, no entanto, não é uma equação simples de se resolver num retiro espiritual de cinco dias, avaliam colegas dele na Corte.
Convertido em alvo para o bolsonarismo que garimpa sanções do governo de Donald Trump nos Estados Unidos, Barroso precisa da blindagem da toga para não ficar tão exposto. A volta para a planície implicaria em riscos desconhecidos, no momento.
O desejo de virar embaixador num país da Europa — outra história sempre lembrada quando o assunto é a aposentadoria de Barroso — não parece um caminho interessante ao ministro do Supremo.
Para ocupar o posto, ele precisaria passar pelo crivo do Senado, hoje repleto de bolsonaristas aptos a esculhambar com sua indicação.
Certo é que Barroso deve conversar com Lula e com outros interlocutores até decidir — se decidir mesmo — o que fazer da vida.
Se Barroso sair da Corte neste ano, criará um problema para Lula que deseja ter Pacheco candidato ao governo de Minas Gerais e não como magistrado no STF. Também abrirá uma guerra pela indicação de Lula justamente num período pré-eleitoral em que alianças são firmadas a partir de barganhas.
Barroso, claro, não tem compromisso com os problemas de Lula. Se decidir sair, será por conta e risco, porque entendeu que já cumpriu a missão a que se dispôs na vida pública.