O ex-presidente interino do PL em Atibaia, cidade do interior de São Paulo, Edevaldo de Oliveira publicou em seu Facebook uma nota em que acusa o advogado Frederick Wassef, coordenador regional da legenda no estado e responsável partidário pela agremiação na cidade, de interferência política. Oliveira, que também é advogado, afirmou em trecho da publicação que Wassef “passou a utilizar o partido e sua influência na cidade como ferramenta de interesses pessoais, ignorando completamente o compromisso assumido com os eleitores conservadores e bolsonaristas”. Procurado por VEJA, Wassef disse que enviará nota oficial sobre o assunto.
Oliveira afirmou também que iria renunciar ao cargo de comandante local do partido, mas ele não é mais presidente do PL local desde fevereiro deste ano, conforme documento oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele comandou o partido entre 10 de julho de 2024 e 9 de fevereiro último. “Eu continuei por ter sido presidente. Continuei até a nomeação, que seria recondução ao cargo ou nomeação de outra pessoa. Tanto que quem respondeu em termos judiciais aqui na Zona Eleitoral de Atibaia fui eu. Continuamos prestando contas, inclusive tivemos contas aprovadas no meu nome, mesmo estando fora da nominata”, disse Oliveira em contato com VEJA.

Diante do desgaste, o advogado não deve continuar entre filiados do partido. Um novo órgão provisório deverá ser montado nas próximas semanas. Oliveira disse também não ter interesse em brigar judicialmente pelo comando do partido na cidade e que dá o assunto por encerrado.
O ex-presidente do PL Atibaia disse na nota pública descordar dos rumos do atual governo, que é comandado pelo prefeito Daniel Martini (PL). “O PL de Atibaia, sob o comando do Dr. Frederick Wassef, passou a chancelar todas as decisões do Executivo, inclusive com a prática da ‘velha política’ local, com nomeações de figuras ligadas em partidos políticos antagônicos ao que reza a cartilha do Partido Liberal, e continuidade de contratos duvidosos das gestões anteriores, inclusive com Cooperativas ligadas ao MST, contradizendo os compromissos assumidos com o eleitorado conservador e bolsonarista”, afirmou Oliveira.

Queiroz
A relação entre Wassef e Atibaia ficou conhecida nacionalmente no dia 18 de junho de 2020, quando a Polícia Civil prendeu em uma casa do advogado o policial militar aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro que foi pivô da investigação sobre rachadinha no gabinete do filho Zero Um do ex-presidente Jair Bolsonaro quando ele era deputado na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
Wassef foi durante muito tempo advogado em alguns processos envolvendo Bolsonaro, mas a relação entre eles se deteriorou durante as investigações sobre o desvio de joias recebidas pela Presidência da República. Wassef era um dos implicados em uma operação para tentar recuperar objetos recebidos de outros países como presentes oficiais e vendidos por Bolsonaro.