São baixas as possibilidades de aprovação do projeto da bancada do banco Master para acabar com a independência do Banco Central. A proposta, originalmente do deputado Camilo Capiberibe, do PSB, e agora bancada pelo PP e União Brasil, daria ao Congresso a prerrogativa de demitir diretores com “atuação incompatível com interesses nacionais” _ uma forma de pressionar o diretor do BC Renato Gomes a autorizar a venda do Master para o Banco de Brasília (BRB).
Diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do BC e responsável pelo relatório sobre a transação envolvendo o banco Master, Renato Gomes tem feitos questionamentos técnicos à operação. O relatório de Gomes é o primeiro passado para o colegiado do Bando Central decidir pela aprovação ou recusa do negócio, anunciado no fim do de março quando o mercado especulava sobre a saúde financeira do Master.
Depois de crescer de forma exponencial oferecendo rentabilidade acima de 100% a Certificados de Depósito Bancário (CDB) cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), o Master chegou a uma situação limite e fechou acordo com o BRB, que pertence ao governo do Distrito Federal.
Ato contínuo, deputados e senadores do PP e União Brasil, além de governadores que negociaram precatórios com o Master, passaram a pressionar o Banco Central para uma aprovação rápida. Irritados com a demora do aval da diretoria de Renato Gomes, os líderes do PP, UB, MDB e Republicanos decidiram nesta terça-feira, dia 2, pela urgência na votação do projeto de lei que subordina as decisão do BC aos interesses políticos.
A reação nos bastidores do presidente do BC, Gabriel Galípolo, e de seus antecessores, Roberto Campos Neto e Armínio Fraga, foi de ultraje. Uma mudança na lei de independência do BC para pressionar um diretor é um descalabro com efeito em todo o sistema financeiro.
Fica a lição para o mercado financeiro, que sempre especulou sobre um avanço sobre o BC vindo do governo Lula, e agora assiste este ataque dos políticos do Centrão. Ao contrário do que dizem nos encontros na Faria Lima, os políticos do Centrão não defendem os interesses do liberalismo e da responsabilidade fiscais. Defendem os seus interesses e de seus amigos.